Ao reencontrar sua dona após dois anos de separação, um cachorro da raça Schnauzer chegou a desmaiar de emoção e se transformou em fenômeno da internet. Até a noite de domingo, o vídeo do reencontro já somava mais de 14 milhões de visualizações no YouTube. Mas, além de comover os espectadores, a cena desperta dúvidas: é comum um cão desmaiar de emoção? Dois anos não é muito tempo para um animal lembrar de alguém?
Especialistas consultados por Zero Hora afirmam que é incomum um cachorro desmaiar de emoção, e isso costuma ser sintoma de um problema de saúde - ainda que a dona do animal tenha garantido que ele foi a um veterinário e nada foi detectado. De maneira geral, ao se excitar, o animal aumenta a frequência dos batimentos cardíacos, da respiração e sofre uma descarga de substâncias como adrenalina. Isso, normalmente, não leva a um desmaio.
- Crio Schnauzers há 50 anos e nunca vi um desmaiar daquele jeito. Mas posso garantir que são muito inteligentes e apegados aos donos. São capazes de morrer para defendê-los - afirma a criadora de cães Schnauzer Irene Degenhardt, 68 anos, de São Paulo.
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A veterinária especialista em comportamento de cães e gatos Ceres Faraco sustenta que o desmaio pode estar relacionado a uma série de possíveis problemas, como desordens circulatórias, neurológicas, hipoglicemia, entre vários outros de difícil diagnóstico. Mas ela não descarta que, pelo estresse muito elevado, o choque emocional tenha reduzido o fornecimento de oxigênio para o cérebro e provocado o raro desmaio que vem chamando tanta atenção entre internautas.
- Pode ter acontecido algo semelhante ao que ocorre com uma pessoa que sofre uma emoção muito forte e desmaia. É mais uma evidência de como características emocionais estão presentes nos animais e devemos reconhecer e respeitar isso - avalia Ceres.
Especialista em comportamento animal, o veterinário Mauro Lantzman afirma que é muito comum um bicho de estimação lembrar de pessoas de quem gosta após vários anos de ausência, independentemente da raça. No caso do vídeo, a dona Rebecca Ehalt ficou dois anos longe dos Estados Unidos, onde reside o cão, para morar na Eslovênia.
Lantzman chama a atenção para a cor avermelhada das patas do cãozinho. Segundo ele, isso costuma refletir um comportamento compulsivo de se lamber (a saliva altera a coloração). Essa característica pode indicar algum estresse provocado por fatores como períodos em que se fica sem companhia, por exemplo. Isso também poderia amplificar a emoção do animal ao reencontrar um rosto querido.