Nas preces de policiais, promotores, jornalistas que cobrem crimes, médicos socorristas e outros profissionais mergulhados na dura rotina de convívio com a violência, há um lugar especial para as crianças. É nelas que repousa a inocência, num cotidiano marcado por desavenças mesquinhas envolvendo tráfico, roubos ou desacertos em negócios, como é o do mundo do crime.
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Até mesmo bandidos costumam se comover com casos como o assassinato do menino Bernardo Boldrini, 11 anos. A imagem do corpo dele, nu e enterrado num saco plástico numa cova rasa, traz de volta o inominável: aquele tipo de delito muito maior que o Código Penal.
Um crime ancestral, bíblico, que antes de ser condenado pela Justiça, é pecado moral - e mortal. Ainda mais se, como tudo indica, foi cometido por alguém da família, numa torpe vingança.
Assassinatos que chocam pela frieza e brutalidade
Infelizmente, a constelação de crimes hediondos que marcam a história brasileira está cheia de crianças. No início dos anos 1980, a costureira Olímpia Menna Zen pegou, na escola Paula Soares, ao lado do Palácio Piratini, a filha de seu amante, se passando por sua mãe. Levou a menina a um descampado e a matou a marteladas. Foi condenada.
Em 1994, o menino Marcelo Alifantis foi sequestrado em Canoas. Pedidos de resgate foram feitos ao seu pai, dono de uma transportadora. Depois pararam de telefonar. Diversas pessoas foram investigadas, algumas presas, mas o caso nunca foi esclarecido e o menino até hoje continua desaparecido.
Entre 2003 e 2004, o andarilho e lutador de Muay Thai (boxe tailandês) Adriano da Silva currou e matou uma série de crianças na região norte do Estado, entre Passo Fundo, Soledade e Sananduva. Ele admitiu o assassinato de 12 meninos e foi condenado por nove desses homicídios. Cumpre pena em Charqueadas.
Essa lista poderia ser infindável, melhor parar por aí. É questão que desperta os piores instintos, mesmo naquelas pessoas que jamais se irritam. Parabéns para a Polícia Civil, pela rapidez que agiu neste caso de Três Passos. Rapidez com resultados, porque alguém admitiu o crime, tanto que levou os policiais até o lugar em que estava o corpo. Resta agora tentar entender a motivação, se é que há como entender algo assim.