Imediatamente depois de se tornar público o desaparecimento do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, outro caso foi lembrado entre os moradores da região de Três Passos: em 13 de julho de 2011, a adolescente Cíntia Luana Ribeiro Moraes, na época com 14 anos e grávida de sete meses, saiu de casa para encontrar o pai do seu bebê, um brasiguaio - agricultor brasileiro que migrou para o Paraguai - de 27 anos, casado. Ela nunca mais foi vista. E até hoje o episódio tira o sono da delegada Caroline Bamberg Machado, também responsável pela apuração da morte de Bernardo.
No dia 14, o corpo do garoto foi encontrado dentro de um saco plástico, numa cova rasa aberta à beira de um rio, em Frederico Westphalen. Foram presos como suspeitos pelo crime o pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, a madrasta, Gracieli Uguline, e uma amiga do casal, a assistente social Edelvania Wirganovicz.
O assassinato do menino virou ícone no Brasil pela crueldade da família. O de Luana se encaminha para a galeria dos crimes sem solução da polícia. Na semana passada, enquanto era cercada por jornalistas em busca de novidades sobre o caso Bernardo, a delegada foi perguntada por Zero Hora sobre o desaparecimento de Luana:
- Ainda não resolvi e, muitas vezes, acordo à noite pensando nele - respondeu Caroline.
O inquérito policial que apura o desaparecimento de Luana já soma dezenas de páginas. O brasiguaio, pai do bebê da adolescente, tem família na região de Três Passos. Ele foi minuciosamente investigado, mas não se encontrou prova de qualquer envolvimento. Quatro amigos dele, agricultores, também tiveram as vidas investigadas pela delegada, mas nada foi localizado.
Nos meses seguintes ao desaparecimento, boatos circularam sobre a presença de Luana em cidades da Argentina - a linha de fronteira fica a 50 quilômetros de Três Passos. Agentes da Polícia Civil estiveram lá, mas não acharam pistas.
- Em julho, faz três anos que a mana desapareceu. Não saber o que aconteceu com ela é muito cruel para a família. Logo que foi noticiado o desaparecimento do menino, nós lembramos da Luana. Assim que ele foi encontrado morto, nós pensamos se coisa semelhante não teria ocorrido com ela - diz Loreni, irmã da desaparecida.
A única certeza que a polícia tem sobre a Luana é o sumiço. E uma quantidade de boatos e teses sobre o que pode ter ocorrido com a adolescente. O enxoval do bebê segue guardado na casa da família.