Na tentativa de minimizar os efeitos da falta de ônibus na capital gaúcha devido à greve dos rodoviários, cerca de 600 veículos escolares estarão nas ruas a partir das primeiras horas da manhã desta segunda-feira, 3. As vans cobrarão R$ 4,20. Equipes da EPTC e Brigada Militar irão monitorar a circulação. O prefeito José Fortunati admite a limitação do sistema e considera que a medida não será suficiente para atender a população com a velocidade necessária. Afirma, porém, que a frota alternativa somada ao número de lotações deverá melhorar a situação de quem depende do transporte coletivo. "O mapeamento feito pela EPTC permite que, com as lotações e as vans escolares, poderemos atender a cidade. Naturalmente, não há veículos em número suficiente que permita atender com rapidez".
A prefeitura também solicitará nesta segunda-feira ao Tribunal Regional do Trabalho que formalize uma nova audiência de conciliação entre empresários e rodoviários. Durante entrevista coletiva neste domingo, o prefeito José Fortunati informou ainda que na terça-feira, 4, participará de reunião no Ministério da Fazenda para tentar agilizar a votação, na Câmara dos Deputados, do Regime Especial de Incentivo para o Transporte Urbano de Passageiros, o Reitup.
Ainda neste domingo, o governador Tarso Gernro também se manifestou sobre o tema. Disse não acreditar que as depredações registradas nos ônibus tenham a aprovação dos rodoviários e reiterou apoio da Brigada Militar no monitoramento das vias para garantir a circulação dos veículos escolares. "Nenhuma força policial tem condições de botar um conjunto de brigadianos em cada ônibus. Nós podemos dar segurança nas vias, nós podemos fazer as investigações para que isso (depredações) não ocorra. Isso não é movimento trabalhista. Esse movimento de depredação é um movimento criminoso. E eu tenho a convicção de que a própria categoria dos rodoviários não aprova esse tipo de comportamento".
Algumas vans já circularam neste domingo. A previsão é de que entre 80% e 90% dos 617 veículos escolares estejam nas ruas da ruas nesta segunda-feira.
Confira os itinerários dos veículos escolares:
Bacias 1 e 2 (Norte)
a) Baltazar de Oliveira Garcia (Colégio São Francisco / Parada 40), Assis Brasil, Farrapos, Voluntários da Pátria, terminal junto ao CPC (Centro);
b) Assis Brasil (Igreja São José), Farrapos, Voluntários da Pátria, terminal junto ao CPC (Centro);
Bacias 3 e 4 (Leste)
Protásio Alves (Del. Ely Correa Prado), Osvaldo Aranha, Túnel da Conceição, Mauá, Júlio de Castilhos / Salgado Filho;
Bacia 5 (Leste)
Antônio de Carvalho (Terminal), Bento Gonçalves, Princesa Isabel, João Pessoa, Salgado Filho / Borges de Medeiros;
Bacia 6 (Sul)
Juca Batista (rótula com Edgar Pires de Castro), Venceslau Escobar, Icaraí, Pinheiro Borda, Padre Cacique, Borges de Medeiros / Salgado Filho
Bacia 7 (Sul)
a) João de Oliveira Remião (Parada 21), Bento Gonçalves, João Pessoa, Salgado Filho / Borges de Medeiros;
b) Hospital Parque Belém, Oscar Pereira, Princesa Isabel, João Pessoa, Salgado Filho / Borges de Medeiros;
Bacia 8 (Sul)
João Antônio da Silveira (Esplanada da Restinga), Edgar Pires de Castro, Juca Batista, Cavalhada, Teresópolis, Gomes Carneiro, Cel. Neves, Carlos Barbosa, Azenha, Princesa Isabel, João Pessoa, Salgado Filho / Borges de Medeiros.
Greve dos rodoviários
A paralisação da categoria teve início na segunda-feira (27) com a manutenção de 30% da frota em circulação. No segundo dia de greve, os rodoviários decidiram pela paralisação total das atividades após a Justiça determinar que pelo menos 70% da frota deveria circular nos horários de pico. Na quinta-feira, algumas empresas voltaram a colocar ônibus nas ruas, mas na sexta os sindicalistas descumpriram novo acordo com a Justiça e houve greve geral.
A prefeitura entrou com ação judicial pedindo apoio da Brigada Militar para garantir a saída dos ônibus das garagens e chegou a cogitar a utilização da Força Nacional de Segurança para resolver o impasse. No fim da tarde de sexta-feira, a categoria decidiu, em nova assembleia, manter a paralisação geral.
Segundo o Sindicato dos Rodoviários, a mobilização é necessária para pressionar as empresas de ônibus a aumentar a proposta de reajuste salarial. A categoria cobra aumento de 14%, mas os empresários se limitam a oferecer a reposição da inflação, de 5% a 6%.