
O Inquérito Policial-militar (IPM) que investigou os disparos de balas de borracha contra o rosto do torcedor gremista Evandro Kunrath, 40 anos, concluiu que policiais militares agiram fora da técnica recomendada.
Dois PMs foram indiciados por lesão corporal grave (por terem feito disparos contra Evandro), um tenente foi enquadrado por omissão de socorro e pelo menos outros oito militares devem responder por falso testemunho.
Ferido pela Brigada Militar, torcedor gremista tem perda de visão confirmada
O incidente ocorreu em 28 de agosto, em frente à Arena, minutos antes do jogo entre Grêmio e Santos pela Copa do Brasil. A apuração mostrou que o homem ferido não tinha envolvimento com a briga que gerou a reação dos policiais. A investigação feita pela Brigada Militar (BM) não apontou qual dos dois PMs fez o disparo que atingiu Evandro, que perdeu a visão do olho direito.
Inicialmente, foi apurado que durante o tumulto quatro PMs atiraram. Mas dois foram excluídos da suspeita porque, pela posição em que estavam, não poderiam ter acertado o torcedor.
O IPM foi conduzido por um major instrutor de tiro, especialista em armamento e munição. Concluída e encaminhada à Justiça Militar e à Promotoria do Torcedor, a apuração indicou que os tiros que atingiram o rosto do torcedor foram efetuados fora da técnica.
Comandante da Brigada não informou nomes dos indiciados
Uma das normas é que esse tipo de disparo não pode atingir partes do corpo acima da cintura, justamente pelo risco que representa para pontos mais sensíveis, como o rosto.
O resultado do IPM indica que os disparos teriam sido feitos fora da altura e da distância recomendadas. A munição usada durante o tumulto - de uma espécie de borracha - é a opção intermediária entre o bastão e a arma de fogo, segundo informação da BM.
Os policiais que foram indiciados por falso testemunho tiveram seus depoimentos desmentidos por imagens analisadas no IPM. Eles deram versões que não foram confirmadas pelas imagens das câmeras da EPTC.
Contatado por Zero Hora, o coronel Fabio Fernandes, comandante-geral da Brigada Militar, não informou os nomes dos policiais responsabilizados no inquérito nem outros detalhes da apuração.
- Agora, o caso está fora da competência da BM. Tudo que a corporação deveria fazer, foi feito. O inquérito está com os devidos indiciamentos - afirmou o coronel.