Injustiça comparar os 58 anos de história do Olímpico com a Arena, que recém está engatinhando. Mas, nestes oito meses de vida, o novo estádio gremista se notabiliza por dinamitar ilusões.
O primeiro mito a cair foi o de que, com a Arena, ir a um jogo de futebol se tornaria um programa mais agradável. A despeito, por um lado, da lonjura em relação à casa da Azenha, e, por outro, do conforto das instalações, torcedores enfrentam velhos e novos problemas - e quase não há jogo sem alguma confusão entre torcida e Brigada Militar ou dentro da Geral.
O segundo foi o de que a Arena representa um novo conceito de estádio, multifuncional. Onde estão os restaurantes (à época da inauguração falava-se que havia uma churrascaria "quase certa")? Onde estão as lojas? Shows e eventos? Só o do Roberto Carlos.
O terceiro sonho destituído foi o da invulnerabilidade como mandante, uma fantasia cara aos tricolores que faziam do Olímpico um caldeirão temido por todos os times do Brasil. Bastou o segundo jogo oficial para que o Grêmio conhecesse sua primeira derrota na Arena, e ainda por cima em um compromisso importante - a estreia na fase de grupos da Libertadores - e para um adversário modestíssimo, o Huachipato, do qual pouco se ouvira falar até então.
Não demorou para que o Grêmio perdesse pela primeira vez para um clube gaúcho, o Cruzeiro, e agora, na noite de quinta-feira, o Coritiba inscreveu seu nome como o primeiro time de fora do Estado a superar, no Humaitá, os donos da casa.
Ou seja: em um punhado de jogos (somente 16), em apenas oito meses, o Grêmio já deixou de ser imbatível na Arena em três competições: Libertadores, Gauchão e Brasileirão. Já não é invicto nos três âmbitos de disputa: regional, nacional e internacional.
O poderoso fator local, por enquanto, não passa de uma lembrança. Na história do Olímpico, o Grêmio fez 1.767 partidas, com um aproveitamento de 72,7%. Na Arena, que viu também nove vitórias e quatro empates, o percentual é de 64,5%. A queda é mais violenta se cotejada com o desempenho do último ano (oficial) no Olímpico. Em 2012, o aproveitamento foi de 79,6%. Em 36 duelos, ganhou 27 e perdeu apenas quatro. Uma derrota a cada nove jogos. A média na Arena é de uma a cada cinco.
Confira a comparação do desempenho do Grêmio como local em 2012 e 2013: