Escadas, tapetes, pisos escorregadios, móveis mal distribuídos. São muitas as armadilhas que ameaçam a integridade física das pessoas dentro do lar. E as principais vítimas são justamente aqueles que estão as fases inicial e final da vida.
Na maioria das vezes, o acidente ocorre não apenas por desatenção dos idosos e das crianças pequenas, mas por falta de cuidado dos adultos responsáveis pela casa e que poderiam ajudar a facilitar o caminho.
Dados do Ministério da Saúde mostram que uma das principais causas de sofrimento e de morte entre os idosos e crianças até 14 anos são as lesões não intencionais, que poderiam ser evitadas.
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... as crianças pequenas
Na fase em que a criança inicia seus primeiros contatos e suas impressões do mundo, do nascimento até cerca de seis anos, é importante estabelecer um ambiente seguro, que permita o seu desenvolvimento integral.
Isso não quer dizer que se deve manter o filho em uma jaula. Pelo contrário: é preciso criá-lo com liberdade e fazê-lo entender que cair faz parte do jogo.Essa queda, porém, pode ser amaciada pelos pais e responsáveis.
É o que defende o vice-presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Marcelo Porto. Para ele, dar limites não significa ser superprotetor:
- Não é raro a criança querer copiar um super-herói favorito da televisão que se atira da janela, pensando que pode repetir a façanha sem se machucar. Até os cinco ou seis anos, o nível de compreensão é baixo e o nível de pensamento mágico é alto. Por isso, é importante manter-se sempre vigilante.
Com o avançar da idade e a maior mobilidade da criança, a chance de acidentes só aumenta. A dica é preparar o cenário seguro antes que o pior aconteça. De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Institucional da ONG Criança Segura, Adriano de Oliveira, há zonas proibidas na casa, das quais deve-se afastar a criança.
É o caso da cozinha, das janelas, de escadas e da piscina. Outro alerta é que, independentemente de onde estiver a criança, ela deve estar sempre acompanhada de um adulto.
... e com as "grandes"
Tapete no chão, nem pensar. Quarto escuro, também não. Um ambiente amigável para idosos tem caminho livre.
Com as limitações naturais da visão e da audição nessa fase da vida, a orientação fica mais difícil. Por isso, todo tipo de alerta é válido: avisos, luminosos e muita, mas muita conversa, são as principais armas para fazer os mais velhos driblarem as armadilhas que podem provocar uma queda.
- É preciso evitar que a disposição dos móveis facilite os tropeços e os escorregões - diz Paula Capponi, fisioterapeuta do Asilo Padre Cacique, de Porto Alegre.
Responsável pela gestão do espaço para facilitar o deslocamento de quem mora no abrigo, Paula diz que boas alternativas são tapetes antiderrapantes nos banheiros, barras laterais nos boxes dos chuveiros e nos corredores e alerta com fitas amarelas nas escadas. As sessões de fisioterapia servem para simular situações como a forma correta de sentar, com o apoio dos pés, quadris e costas.
Responsáveis por 90% das fraturas em pessoas com mais de 65 anos de idade, as quedas estão entre as principais causas de lesões e de internação na terceira idade.
- Rever os medicamentos e o uso de dispositivos de assistência e de correção de alterações do pé (órteses) também ajuda a reduzir o risco de quedas - alerta o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).
Pingente da autonomia
Um pingente que funciona como uma espécie de babá eletrônica é uma alternativa para ajudar idosos que moram sozinho. O aparelho é conectado a uma central telefônica e fica pendurado no pescoço da pessoa.
Em caso de acidente, como uma queda da qual não consegue se reerguer, ela aperta em um botão e os telefones cadastrados (geralmente de filhos, vizinhos ou porteiro) são acionados.
- Nem sempre a pessoa está com o celular ao seu alcance. Ou, muitas vezes, não escuta o telefone tocar. Neste caso, o aparelho envia um sinal e o familiar é avisado imediatamente - explica Gilson Esteves, gerente da Iris Senior, empresa fabricante do aparelho.
O dispositivo é à prova dágua, tem uma bateria que dura até três anos e modelos de pulso. Entre suas funcionalidades, estão sensores de movimento e temperatura, para caso de incêndio.
Apesar de fazer pilates, estudar inglês, piano e ter uma vida social ativa, a aposentada Gisleine Rosendo, 62 anos, se preocupa com a possibilidade de um mal súbito enquanto estiver sozinha. Por isso, contratou o sistema para aprimorar sua comunicação com as filhas, e desta forma, sentir-se com mais autonomia. - Caso algo aconteça comigo, prefiro que minha família seja avisada rapidamente - afirma. Muito utilizado em nos Estados Unidos e Europa, o sistema é distribuído gratuitamente pelo governo em países como a Inglaterra e Espanha, onde é batizado de "sirepe", acrônimo que significa sistema de resposta de emergência pessoal.
EM NÚMEROS
Causas de acidentes em crianças de 0 a 14 anos
Trânsito - 40%
Afogamento - 25%
Sufocação - 15%
Queimaduras - 6%
Quedas - 4%
Intoxicações - 2%
Armas de fogo - 1%
Outros - 7%
Fonte: ONG Criança Segura - 2010
Estatísticas sobre queda de idosos no Brasil
19 milhões é a população de idosos no Brasil
12% das mortes de idosos ocorrem em consequência de quedas com fratura
70% das mortes acidentais de pessoas acima de 75 anos é por causa da queda
54% das quedas são consequência de um ambiente inapropriado
66% das quedas dos idosos ocorrem dentro da própria casa e 22% na rua
R$ 51 milhões por ano é o valor mínimo gasto pelo SUS com tratamento de fraturas decorrentes de queda
R$ 24,77 milhões por ano é o valor mínimo gasto com medicamentos para tratamento da osteoporose
30% dos idosos que sofrem fratura de fêmur morrem menos de um ano após o acidente
Fonte: Ministério da Saúde
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