Ontem foi um dia atípico. Então peguei um táxi e fui até o Shopping Praia de Belas.
Comi um pastel diminuto, custou R$ 2,40. Depois, fui até o Troppo Buono e pedi um sorvete dietético, tinha creme e chocolate, fui no primeiro.
Nas ruas havia calma no trânsito, noticiava-se que uma passeata se encontrou com outra perto da Rodoviária e se dirigiram para o Centro.
O shopping estava quase vazio, uma senhora sentou à mesa da área de alimentação admirando seus dois netos a saborear sorvetes de chocolate.
Sentei à mesa de um aposentado do IPE que almoçava com um filho que trabalha no Santander e foi dispensado do serviço ontem por intervenção do sindicato, que pregava paralisação total.
E eu festejei interiormente que pude tirar uma tarde para ir ao shopping, sem me esquecer da maldade humana que é movida pela inveja ao agredir com mentiras.
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Mas é preciso voltar ao trabalho, faço-o lembrando que o leitor Maurício Telles (mailito:mtelles16@gmail.com) se congratulou com minha coluna de ontem sobre as filas do SUS e lembrou o seguinte:
Tempo para um paciente do SUS fazer um ultrassom: 4 meses.
Tempo para um paciente do SUS fazer uma tomografia: + ou - 6 meses.
Tempo para um paciente do SUS fazer uma ressonância: + ou - 1 ano.
Tempo para um paciente do SUS fazer uma endoscopia: + ou - 1,5 ano.
Tempo para um paciente do SUS fazer uma colonoscopia: + ou - 2 anos.
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Lembra ainda o leitor que há falta de leitos nos hospitais, que as emergências estão sempre lotadas, que há falta de leitos nas UTIs (em todas, principalmente nas neonatais e nas pediátricas), falta de medicamentos básicos na rede de saúde pública (medicamentos de baixa qualidade e uso de remédios similares).
Diz ainda que podem contratar 1 milhão de médicos que nossa Saúde continuará sucateada.
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Por isso é que este colunista tanto escreveu que, em vez de gastarem dezenas de bilhões construindo estádios para a Copa do Mundo, os governantes deveriam erigir um SUS padrão Fifa.
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Não adianta ser deputado ou senador com este atendimento precário da Saúde, que leva ao abandono e à morte milhões e milhões de brasileiros, em todos os tempos.
A Saúde é o mínimo direito de um brasileiro. E os governantes que em matéria de Saúde relegam seu povo a este abandono deviam olhar-se no espelho e envergonhar-se de serem políticos.
Como dizia o Eça de Queirós para esta gente: "Políticos e fraldas devem ser trocados frequentemente, pelo mesmo motivo".