Li com muita atenção a entrevista de duas páginas que Luiz Fernando Záchia concedeu a Zero Hora ontem.
Ele foi preso durante cinco dias e já está solto pela Polícia Federal.
Minha pergunta que não pode calar: e se esse homem for inocente? Outra pergunta cuja resposta pode ter consequências ainda mais catastróficas: e se ele for absolvido?
Nesse caso, quem devolverá a ele a honra perdida durante a cruel execração popular?
Quem devolverá a ele sua reputação, seu emprego, sua carreira, a vergonha por que passou sua família?
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Se ele for considerado culpado, se por acaso for condenado, tudo bem. Nessa hipótese, ele terá merecido a execração.
Mas, nesta fase do inquérito, é-me lícito cogitar da hipótese de sua inocência.
Ele não terá a mínima condição, se for declarado inocente, de resgatar a humilhação constrangida e silenciosa de ter sido recolhido a uma cela do Presídio Central.
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E agora que passou como detento no Presídio Central, Záchia declarou na entrevista para ZH que se arrepende de na presidência da Assembleia Legislativa ter "feito muito pouco pela questão prisional".
Por isso que há 43 anos, os meus leitores são testemunhas, me debato como jornalista pela questão. E meus apelos nunca foram ouvidos pelos homens públicos, entre eles o Záchia, que agora tem a dignidade de confessar que desprezou a questão prisional, quando muito por ela poderia ter realizado.
Pois quero dizer que, como jornalista, nunca me arrependerei por esse pecado, pois não o tive. Sempre combati valentemente pela questão prisional, acarretando-me isso alguma impopularidade.
Desse monstruoso pecado, não prestarei contas no Juízo Final, quando acredito que quem presidir a solenidade do ajuste de contas definitivo com o Senhor vai perguntar-nos - O que fizeste como deputado, governador ou jornalista em favor da questão prisional?
Nesse momento estufarei meu peito e declararei - Tudo, durante 43 anos!
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Mas e a questão de se Luiz Fernando Záchia vier a ser absolvido? Tudo se deve a um preconceito arraigado na nossa sociedade: nós julgamos quem vai para o presídio não só como culpado, mas como merecedor até de maus-tratos e tortura.
Se foi recolhido ao presídio, pensa a nossa trêfega sociedade, não só é culpado, mas tem de sofrer.
E não é bem assim, nem num caso, nem no outro. Porque existem inocentes recolhidos aos presídios e nem os culpados têm de ser maltratados.
Mas, enfim, é a nossa sociedade que decide.
E como decide mal!