A edição 2013 do programa Balada Segura será lançada, neste domingo, com o desafio de mudar o comportamento de jovens que utilizam as redes sociais para tentar fugir das blitze.
O foco da campanha educativa neste ano será convencer os condutores mais novos a não dirigir depois de beber, em vez de utilizarem estratégias como a divulgação dos locais de barreiras na internet ou adotarem comportamentos igualmente arriscados como tomar mais cuidado ao volante depois de consumir álcool.
Esse tipo de mentalidade contribuiu para que, em janeiro e fevereiro deste ano, a proporção de condutores flagrados embriagados pelo bafômetro nas blitze da Balada Segura tenha caído apenas 1,6% na comparação com o mesmo período do ano passado - apesar da maior presença das barreiras na rua e do endurecimento da lei. Desde o final do ano passado, o valor da multa aumentou de R$ 957 para R$ 1.915, e outros indícios são aceitos como prova além do bafômetro, como vídeos e testemunhas.
O maior impacto da nova legislação nos dois primeiros meses do ano, período mais recente disponível, envolveu uma queda de 29,9% nas recusas dos condutores a se submeterem ao bafômetro. Além disso, a proporção de condutores que foram flagrados embriagados, mas abaixo do limite que configura crime (0,33 miligrama de álcool por litro de ar expelido) teve uma redução de 5%. Mas o percentual de quem foi flagrado pelo exame acima desse patamar se manteve estável - ao redor de 1% de todas as 10,9 mil abordagens realizadas no primeiro bimestre deste ano.
Agora, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) espera contar com o apoio dos familiares para convencer os jovens motoristas a mudar de vez o comportamento. Campanhas publicitárias e nas mesmas redes sociais que eles usam para desviar das barreiras vão buscar mobilizar as famílias contra a imprudência ao volante.
- Pensamos em uma campanha voltada para as famílias, usando ferramentas como as redes sociais, para conseguir mobilizar a sociedade - afirma o diretor-presidente do Detran, Leonardo Kauer Zinn.
No momento, a internet vem se firmando como fator de risco à segurança no trânsito. Apenas um perfil no Twitter, por exemplo, é seguido por mais de 54 mil internautas interessados em saber onde está sendo montado todo tipo de blitz na Capital. Cinco amigas que dividiam cervejas e pastéis na noite de quinta-feira, em um bar da Cidade Baixa, fazem parte da multidão de jovens que usam a rede para beber e escapar das barreiras.
- Pode ver que um monte de gente mais velha é pega (nas blitze), porque a gente sempre dá uma olhada (na internet) - diz uma estudante de Economia de 28 anos.
Perfil no Twitter que rastreia e divulga as blitze tem mais de 54 mil seguidores
Foto: Ricardo Duarte, Agência RBS
Outra integrante do grupo, de 21 anos, afirma que costuma servir de motorista para os pais, já que eles não se arriscam a beber e depois conduzir um automóvel. Quando ela mesma sai, porém, não segue a mesma precaução.
- Levo e busco, ou eles voltam de táxi. O comportamento deles mudou por causa da Lei Seca, porque eles não têm acesso aos locais das blitze - afirma.
O lançamento da Balada Segura 2013 ocorrerá em um palco junto ao Espelho d'Água da Redenção, em Porto Alegre, a partir das 10h. Estão previstas atrações até as 14h como distribuição de material, simulador de direção e show com o Guri de Uruguaiana.
Especialista admitem dificuldade para mudar comportamentos
Além da internet, até serviços oferecidos por celular prometem revelar a localização de pontos de fiscalização a condutores. Um deles promete aos usuários mensagens com os locais a serem evitados mediante a digitação de uma determinada palavra e o envio para um número específico. Pelo serviço, paga R$ 0,31 a cada mensagem, mais impostos.
O diretor-presidente do Detran, Leonardo Kauer Zinn, afirma que não há como enfrentar diretamente as inesgotáveis fontes de informação da internet e via celular. O caminho possível, ainda que longo, é insistir na educação dos motoristas.
- Queremos, não apenas pela aplicação da penalidade, que as pessoas comecem a entender que é necessário respeitar a vida. É uma questão cultural, e ainda estamos em processo de adaptação - observa.
Outros comportamentos observados entre os jovens são a ilusão de que "beber pouco" ou dirigir com mais cuidado e menos velocidade após consumir álcool vão resguardar o motorista de acidentes.
- A maioria acha que só uma cervejinha não é problema - admite uma advogada de 23 anos que fazia parte do grupo de amigas reunidas na quinta-feira na Cidade Baixa, na Capital.
Para a doutora em Segurança Viária Christine Nodari, reverter esse tipo de pensamento não é fácil.
- É difícil, leva tempo, mas o melhor jeito é promover campanhas que apelem para o bom senso.