Nascido e criado como "guri de apartamento" em uma das zonas mais nobres de Porto Alegre, o treinador de cavalos Roberto Jou, 35 anos, acabou descobrindo no campo a verdadeira vocação.
Depois do skate, do surf e do jiu-jítsu, as pistas das provas de rédeas despertaram a paixão que o levou a uma conquista inédita em terras americanas. Montando um cavalo crioulo, ficou entre os melhores da NRHA Futurity, uma das principais provas do mundo da modalidade, disputada recentemente em Oklahoma City, nos Estados Unidos.
Do menino ansioso e com dificuldades de concentração na infância, nada sobrou. Muito se deve, segundo Jou, à paixão pelos cavalos, que começou em passeios na praia, com a família, em Torres.
- Sempre tive dificuldade com o aprendizado, tinha transtorno de déficit de atenção. E, com o tempo, o cavalo surgiu quase como uma terapia, pois essa relação ajuda a regular e equilibrar as pessoas - lembra.
Partindo da própria experiência, decidiu trabalhar no ramo. Viu que existia um mundo à parte e que poderia transformar esse prazer na profissão que desejava. Apesar da desconfiança inicial da família, de pai e irmãos engenheiros e de mãe psicóloga, viajou para os Estados Unidos em 1998, onde fez cursos na área de rédeas. Os pais foram conferir de perto o novo mundo do filho e deram o apoio necessário para a realização do sonho. Conforme o treinador, a experiência de vir da cidade ajudou no trabalho com o público urbano que tem interesse pela montaria.
Com a mulher, Paula, Jou abriu um centro de rédeas em Eldorado do Sul, o Equipe Sul Rédeas.
Parceria com criador foi fundamental
A construção de uma nova etapa veio em 2009, com a parceria com o empresário do setor de tecnologia da informação e criador Sílvio Rickes. Os dois começaram um trabalho de preparação para chegar à pista da NRHA Futurity.
Além de Rickes, Jou contou com o apoio do coach (profissional que auxilia nas estratégias de construção de objetivos profissionais e pessoais) Tomaz Marinho, que também é um dos vice-presidentes da Associação Gaúcha do Cavalo de Rédeas (AGCR), e ajudou o cavaleiro no processo de manter o equilíbrio da mente antes e durante a competição.
O cavalo crioulo Alma de Gato Cala Bassa, criado por Marcelo Moglia, da Cabanha Cala Bassa, de Aceguá, foi especialmente preparado para a competição americana.
Antes da grande final, Jou e Alma de Gato passaram por duas etapas que reuniram cerca de 600 cavalos. Com o resultado acima do esperado no primeiro de três anos planejados para disputar a competição, o porto-alegrense projeta agora chegar ao primeiro lugar até 2014.
- A conquista me deu bagagem para melhorar e tentar chegar ao topo - enfatiza o atleta.
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