Um casal acusa um funcionário da Autokraft, concessionária da BMW na Barra da Tijuca, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, de racismo durante um atendimento realizado no dia 12 de janeiro. A professora Priscilla Celeste e o consultor Ronald Munk foram à loja com seu filho de 7 anos, que é adotado e negro. O menino ficou vendo TV na própria loja enquanto os pais conversavam com o funcionário.
Quando ele se aproximou dos pais, segundo o casal, o vendedor se dirigiu ao menino e disse: "Você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja".
- Nosso filho ficou olhando para ele, sem compreender o que estava acontecendo. Nós também. Ele insistiu. Meu marido perguntou então porque ele dissera aquilo e sua resposta foi: 'Porque eles pedem dinheiro, incomodam os clientes. Tem que tirar esses meninos da loja' - conta Priscilla.
- Quando meu marido disse que o menino negro era nosso filho, ele ficou completamente sem ação, gaguejando desculpas atrás de nós enquanto saíamos indignados. Nosso filho perguntou por que eles não aceitavam crianças naquela loja e por que tinham uma TV passando desenhos animados se não gostavam de crianças - explica.
Embora o racismo seja considerado crime inafiançável, o caso não foi registrado na polícia porque o casal aguardava uma retratação da concessionária. Como a Autokraft não se manifestou, o casal narrou o episódio à própria fabricante, que enviou mensagem lamentando o fato. Sete dias depois, a concessionária mandou e-mail ao casal. O texto afirma que "tudo não passou de um mal-entendido" e conclui dizendo que "não gostaria que tal fato abalasse o nosso relacionamento, pois tenho imenso prazer em tê-lo sempre como cliente amigo".
O casal ficou indignado e, no último domingo, criou uma página na rede social Facebook, com o título "Preconceito racial não é mal-entendido". Mais de 30 mil pessoas já curtiram a página.
- A resposta da concessionária demonstra claramente que seu proprietário não tem noção da dimensão do fato ocorrido e compactua com a atitude preconceituosa de seu gerente de vendas. O mal entendido foi a tentativa de explicar um crime como mero mal entendido, ao tentar transformar a situação em `pizza' e acreditar que tudo acabaria bem e nós, `clientes amigos' para sempre - afirma Priscilla.
Procurada pela reportagem, a concessionária não se manifestou.