O fato de governos democráticos e autoritários na América Latina ameaçarem a liberdade de expressão foi um dos destaques da fala do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na SIP. Acompanhado do ex-presidente peruano Alan García, FHC debateu ameaças à liberdade de expressão na tarde desta segunda-feira, quarto dia da 68ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) em São Paulo.
- Nós temos aqui a estrutura da democracia, mas não alma - disse o ex-presidente brasileiro em relação ao Brasil e a outros países latino-americanos.
FHC ainda ressaltou o fato de muitos governos, como o venezuelano, estarem se tornando democracias autoritárias, o que seria um paradoxo. O ex-presidente reforçou que, quando esteve no poder, sentiu-se, por vezes, incomodado com o que a imprensa dizia, mas foi taxativo sobre o assunto:
- É simples. Ou você é democrata e acredita na liberdade ou não é.
O ex-presidente peruano fez interrupções engraçadas, como no momento em que disse que iria morrer lendo jornal em papel. Sobre a importância da mídia e da comunicação, propôs uma nova frase, em analogia ao tradicional "Penso, logo existo".
- Para mim, seria "comunico, logo sou".
Questionados sobre a situação da imprensa em diversos países da América Latina, os dois se mostraram preocupados com a possibilidade de que o autoritarismo de outros governos influencie o Brasil. FHC afirmou que a sociedade civil deve se engajar para reverter esse processo.
- Esse frenesi contra a imprensa é, no fundo, um frenesi contra a liberdade e a democracia - afirmou.
Publisher do The New York Times detalha investimentos no Brasil
Outro ponto alto das discussões de segunda-feira foi a fala do publisher do jornal americano The New York Times, Arthur Sulzberger Jr. Sulzberger detalhou investimentos do NYT no Brasil, que devem começar no segundo semestre do ano que vem.
Um dos maiores jornais americanos, o The New York Times terá uma versão online em português, feita no Brasil. O jornal americano já tem uma versão online semelhante na China, que deve servir de modelo para a experiência brasileira. A redação chinesa tem entre 35 e 40 funcionários, que publicam cerca de 40 reportagens por dia, entre textos traduzidos e materiais produzidos localmente.
- Esse é o momento de investir no Brasil - afirmou Sulzberger.
No sábado, Juan Luis Cebrián, jornalista, escritor e presidente do Grupo Pisa, que publica o jornal espanhol El País, também disse, em entrevista concedida na SIP, que o grupo estuda investimentos no Brasil. Em meio à crise europeia, o El País estaria analisando a possibilidade de lançar uma versão online em português.