Há cerca de dois meses, um jovem doutorando de Astronomia do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) notou o primeiro indício de que estava prestes a realizar uma descoberta. Depois de uma análise mais profunda, veio a confirmação: ele havia encontrado um novo satélite na Via Láctea.
Foi por meio de um telescópio capaz de detectar estrelas com luz bem fraca, localizado no Havaí (EUA), que Eduardo Balbinot, 25 anos, identificou por imagens um satélite com pouco mais de 200 estrelas. A descoberta foi batizada de Balbinot 1.
- É um trabalho que vem sendo feito há bastante tempo. O método busca pequenas sobredensidades em um mar de outras estrelas. É bem emocionante poder observar alguma coisa pela primeira vez, ser o primeiro homem a olhar - comenta o pesquisador.
Ao analisar a descoberta e a imagem, o astrofísico Amâncio Friaça, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou a importância da pesquisa gaúcha. Ele explica que o Balbinot 1 é um resquício da formação da nossa galáxia, a Via Láctea, por isso, tem também relevância histórica.
- Descobrir um vestígio desses é muito difícil, é como achar um cabelo na cena do crime - avalia.
Hoje, acredita-se que a Via Láctea tenha se formado há mais de 10 bilhões de anos. Satélites como o descoberto pelo pesquisador da UFRGS são remanescentes do processo.
- À medida que os satélites se dissolvem, formam a nossa galáxia. Como já estão em estágio avançado de dissolução, fica muito difícil encontrar o que permanece ainda hoje - explica Balbinot.
Aos 25 anos, Balbinot descobriu novo satélite
Foto: Arquivo pessoal
Natural de Porto Alegre e morador de Canoas, Balbinot teve toda formação acadêmica na UFRGS. Após cursar Física, emendou o mestrado e o doutorado em Astronomia. No trabalho realizado sobre a orientação do professor Basílio Santiago e com outros pesquisadores do Departamento de Astronomia da UFRGS e do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), foram identificados outros possíveis aglomerados estelares, que ainda não se confirmaram.
Mesmo feliz pela descoberta e pela possibilidade de publicar o artigo sobre o Balbinot 1 em revistas internacionais, o doutorando diz que o trabalho não terminou e que existem ainda cerca de 20 candidatos a satélites para serem estudados.