Acusado de comandar o tráfico de drogas na Vila Maria da Conceição, zona leste de Porto Alegre, o traficante Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão, foi condenado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado nesta sexta-feira. O julgamento começou por volta das 10h15min e durou mais de 14 horas.
Conforme a denúncia, Paulão ofereceu R$ 20 mil para quem tivesse a coragem de executar, dentro do Presídio Central, Adão Jorge da Rosa Pacheco, 53 anos, um de seus maiores desafetos.
Márcio Fernando Tavares Dutra, 33 anos, o homem que teria aceitado a proposta também foi condenado. Ele deve cumprir 16 anos de prisão.
Ao longo de mais de onze horas de debates entre acusação e defesa, Paulão negou qualquer envolvimento no crime consumado no dia 19 de setembro de 2007, no corredor de acesso à enfermaria da casa de detenção.
Já Márcio confirmou a autoria.
- Na angústia da morte acabei matando ele em legítima defesa. Peguei a faca da mão dele e fui golpeando até ele parar. A gente era de facções diferentes e ele ia me matar - defendeu-se o homem que cumpre pena por assalto.
Na parte da manhã, duas testemunhas foram ouvidas. A tarde foi toda destinada à acusação de homicídio qualificado por motivo torpe, sob argumentos do promotor de justiça André Martinez. A defesa teve espaço já no começo da noite.
Quem é ele?
Paulão responde a processos por tráfico desde 1982 e foi detido algumas vezes com drogas. Em 1988 foi condenado por homicídio de um rival - pena que já cumpriu.
Fugiu de colônia penal agrícola, em 1995. No mesmo ano foi acusado de tentativa de roubo contra o dono de uma residência, na Vila Maria da Conceição. Entre 1995 e 1997, foi preso três vezes por porte ilegal de pistolas.
Em 1998, tentou matar Carlos Alberto Silveira Drey, o Beto Louco, seu enteado, com o qual disputava pontos de drogas. Em 2003, foi acusado de ameaçar cortar o rosto de uma médica de um posto de saúde da vila que se recusou a receitar um medicamento de uso controlado para a sua mulher.
O que pesa contra Paulão
- Foi denunciado por tráfico de drogas em processo que determinou a prisão preventiva dele e de seu grupo.
- Além da execução no Presídio Central, ele seria o mandante de outros dois homicídios: o de José Antônio Rodrigues Braga, o Corujinha, 40 anos, em junho de 1998, na Capital; e a morte de Gilberto da Silva Guedes, há cerca de três anos, em Venâncio Aires;
- Em julho de 2010, o TJ determinou que Paulão cumprisse a prisão em regime domiciliar, pois ele teria problemas cardíacos
- Denúncia do MP revela que, durante o período em que esteve em prisão domiciliar, Paulão e o enteado dele, Carlos Alberto Silveira Drey, o Beto, ordenaram mortes por causa de uma briga pelo controle dos pontos de venda de drogas
- A denúncia se baseia em escutas telefônicas, autorizadas pela 7ª Vara Criminal, nas quais seguidores de Paulão comentam as mortes.
Clique no mapa e veja a área onde Paulão atua na Capital: