Há duas semanas no ar, Gabriela provou que tem vida própria além da obra de Jorge Amado lançada em 1958 e da novela de Walter Avancini exibida na Globo em 1975. Histórias novas, bem como destaque de determinados personagens em detrimento de outros, reforçam a ideia de que se trata de uma trama original. Bem que o autor da novela, Walcyr Carrasco, sempre salientou que o termo "remake" não era mesmo o mais apropriado.
- Escrevo com liberdade absoluta - contou o novelista.
Carrasco mergulha em histórias pouco exploradas no livro, como a da submissa Sinhazinha (Maitê Proença), que tem um relacionamento extraconjugal com seu dentista e é assassinada pelo marido, Jesuíno (José Wilker), agora contada com ricos detalhes. Ele também se inspira em outras fontes do universo amadiano, como a trajetória da menina que se torna prostituta (Teodora, vivida por Emanuelle Araújo) e a beata moralista (Doroteia, a atriz Laura Cardoso) que se supõe o parâmetro moral da cidade.
O que não mudou quase nada é mesmo o romance principal da obra: o amor entre Gabriela (Juliana Paes) e Nacib (Humberto Martins), com sequência de fatos iguais aos do livro e diálogos fiéis, tudo para retratar a paixão intensa do sírio pela retirante nordestina.
O casal da hora
Há sete anos, Humberto Martins deu vida ao caubói Laerte em América e deixou o título de descamisado da TV para dar início a uma nova etapa na carreira. Desde o último dia 18, ele prova seu talento mais uma vez com sua interpretação do bonachão Nacib, protagonista de Gabriela junto a com Juliana Paes.
Reconhecimento maior, no entanto, é ser elogiado ao recriar o papel encarnado por Armando Bógus em 1975, ídolo que virou amigo do ator. O ator revela que é uma emoção interpretar o mesmo papel de um amigo. Humberto Martins relata ainda o paradoxo de fazer as cenas de sexo com Juliana Paes, a dona do papel-título. Em sequências nada fáceis, ambos aparecem nus com beijos ousados e muitos amassos.
- As cenas quentes são muito difíceis, mas em compensação ficam lindas. São verdadeiras coreografias. Mauro Mendonça Filho (diretor-geral) desenha as cenas no papel e estuda com a gente. Não há nada vulgar porque Nacib e Gabriela não fazem simplesmente sexo, eles fazem amor - explica.
Juliana e Humberto se conheceram em América, novela que coincidentemente foi importante não só na carreira dele, mas na dela também. A bela Juliana era a beata Creusa, que mostrou que não era nenhuma santa durante a história:
- Além de América, fizemos O Astro juntos, então, acaba sendo mais fácil fazer cenas mais sensuais com alguém com quem já temos alguma relação. Sempre acompanhei a trajetória dela e me sinto orgulhoso em fazer esse trabalho com uma grande atriz.
Compare
Aparição de Gabriela
- Das 400 páginas do livro de Jorge Amado, a personagem Gabriela aparece pela primeira vez só na página 93. Na nova novela, Gabriela aparece pela primeira vez aos seis minutos.
Guerra do Cacau
-A guerra do cacau é mencionada no livro várias vezes, e não só em uma única cena. Na novela, uma sequência de guerra entre os coronéis pelas terras de Mata do Sequeiro Grande, em 1895, cidade que se transformaria em Ilhéus 30 anos depois, mostra como os personagens de Antonio Fagundes e Chico Diaz se tornaram ricos fazendeiros.
A Prostituta Zarolha
- A personagem Zarolha, prostituta do Bataclã, perde importância quando Gabriela toma o coração de Nacib. Na novela, Zarolha promoveu uma greve de sexo no Bataclã porque queria participar da procissão pela chuva. Ela sai de cena esta semana, mas ainda voltará à novela.
Sinhazinha e seu Dentista
-Sinhazinha e Osmundo são assassinados no mesmo dia em que Nacib perde sua cozinheira, Filomena. Na novela, o affair entre Sinhazinha e o dentista Osmundo é contado em paralelo à história da chegada de Gabriela.