A advogada Patricia Peck Pinheiro, fundadora do movimento Criança Mais Segura na Internet, afirma que a web levou a rua para dentro dos lares. Assim como não se deixa uma criança sair sozinha de casa, observa, não se deve deixá-la navegar pela rede sem vigilância de um adulto.
Muitos pais já se aperceberam dos riscos e dilemas envolvidos, como demonstram as questões que foram recolhidas por ZH em sua página no Facebook e que deram origem ao guia publicado nesta página, a partir de uma consulta feita a Patricia na tarde de ontem.
Nesta quinta-feira, a especialista em direito digital estará em Porto Alegre para aprofundar o tema, a convite Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS). Ela dará palestra durante o 8º Seminário para Diretores, que deve reunir 200 dirigentes de escolas preocupados em educar os alunos para o uso seguro e ético da internet.
Confira algumas orientações sobre questões relacionadas ao uso das redes pelos pequenos:
A idade para ter acesso à internet
Uma criança pode ser iniciada com qualquer idade, desde que assistida pelos pais. O importante é lembrar que a web é como a rua. Da mesma forma que não se deixa uma criança de cinco anos sair sozinha de casa, não se pode deixá-la navegar sem proteção na rede. Um pouco mais de autonomia deve ser oferecida apenas por volta dos 12 anos.
Como vigiar as andanças virtuais
Recomenda-se o uso de algum software de controle parental, oferecido pelos próprios provedores de internet. Esses softwares permitem bloquear sites e acompanhar como foi a navegação. Os pais devem conviver com a criança e o adolescente na sua vida digital, para poder monitorá-lo e saber quem são os amigos. Isso significa manter perfis por meio dos quais visite as contas do filho. Também se recomenda pesquisar pelo nome do filho em sites de busca, periodicamente, em busca de menções e de imagens
Perfis nas redes sociais
As próprias redes sociais estabelecem uma idade mínima para a criação de um perfil, em geral a partir de 14 anos. Não se deve permitir à criança burlar a regra e criar um perfil com idade falsa. Isso significaria ensinar a criança a mentir e cometer crime de falsidade ideológica. O adulto deve estar consciente que, como responsável, terá de responder caso seja conivente com ato ilícito. O indicado é que o pai crie um cadastro em seu nome e compartilhe a gestão com o filho, vigiando-o.
Acesso ao e-mail infantil
A criança poderá ter um e-mail, mas a conta será aberta pelo pai e a senha será compartilhada, para que o adulto acompanhe como é feito o uso. Na adolescência, o pai pode dar maior autonomia, mas tem o direito e o dever de fiscalizar as conversas do filho caso suspeite de alguma situação perigosa.
O compartilhamento de senhas
Os pais podem e devem ter conhecimento das senhas que seus filhos usam para acessar e-mails e contas em redes sociais. No caso dos adolescentes, pode-se oferecer autonomia. No entanto, se achar que existe algum risco, o adulto precisa exigir a senha e acessar os conteúdos. As crianças devem ser orientadas a jamais revelar sua senha a outras pessoas, nem como prova de amor ou amizade.
O acesso via smartphones
A navegação por smartphones é difícil de monitorar, por ocorrer em qualquer lugar não oferecer facilidade de programas de controle parental. Mesmo assim, há atitudes a tomar. A primeira é que exista uma senha de bloqueio do celular, para impedir terceiros de usar o telefone e ter acesso a informações. Outra atitude importante é explicar ao filho que ele não tem direito de tirar fotos e postá-las sem autorização do fotografado. Periodicamente, o adulto deve verificar os torpedos enviados e os números com os quais a criança se comunicou.
A permissão de manter blogues
Em primeiro lugar, é preciso ler o termo de uso do serviço e seguir a orientação em relação a idade mínima para ter uma conta. Não é indicada censura prévia, mas o pai deve ler tudo o que o filho postar e, caso entenda que algo não é apropriado, orientá-lo a tirar do ar.
O tempo de navegação por dia
É importante, para a própria saúde, que exista um equilíbrio entre o tempo diante do computador e as atividades ao ar livre. Até os 10 anos, não é recomendável permanecer mais de duas horas conectado por dia. Mais tarde, quando o computador passa a ser importante para as pesquisas da escola e os deveres de casa, pode-se ampliar, chegando a um período de quatro a seis horas.
O que a escola deve fazer
As escolas também devem educar sobre o uso ético e seguro da internet. É importante incluir a questão pelo menos nas aulas de Informática, mas recomenda-se que a abordagem ocorra também em outras disciplinas, como Filosofia.