O prédio ocupado nesta manhã por manifestantes ligados ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia no centro de Porto Alegre já serviu de esconderijo para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em setembro de 2006, a Polícia Federal prendeu 26 bandidos que se preparavam para concluir um túnel que partia do número 11 da Rua Caldas Junior e os levaria a agências do Banrisul e da Caixa Econômica Federal (CEF).
Além de furtar R$ 80 milhões no banco gaúcho, eles projetavam estender a escavação até a CEF, de onde poderiam levar até R$ 120 milhões em dinheiro e joias do setor de penhores. O túnel foi lacrado com concreto.
A compra do prédio
O prédio de número 11 da Rua Caldas Junior pertenceu à CEF. Negociado em leilão, foi adquirido por um empresário da Capital, que o vendeu em 5 de julho de 2006. O interessado não era de Porto Alegre. A PF apurou que a entrada paga na compra do prédio usado pelos ladrões foi de R$ 300 mil. O total do negócio era de R$ 1,2 milhão.
De acordo com o diretor-geral do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), Humberto Goulart, o prédio pertence, agora, à União e o órgão não foi chamado para ajudar na questão.
- Não podemos e nem devemos decidir alguma coisa, porque é terra dos outros. Não temos solução a curto prazo para isso. Vamos colaborar se formos chamados e se nos apresentarem a forma de recurso - diz Goulart.
Os manifestantes reclamam que o edifício deveria servir para a habitação social.
- Fomos despejados em 2005 e estamos ocupando de novo [o prédio na Rua Caldas Junior] para dizer que, mesmo depois de cinco anos, este prédio continua sem utilidade alguma no centro da cidade - afirma Beto Aguiar, que coordena a marcha no Estado.
A operação em 2006
Manifestantes invadiram hoje prédio na Rua Caldas Junior
Foto: Ronaldo Bernardi
A operação que desarticulou a quadrilha começou com um cartão telefônico usado apreendido em setembro de 2005 em Fortaleza, nos escombros do túnel usado por ladrões para furtar R$ 164,7 milhões da caixa-forte do Banco Central naquela cidade.
Peritos da PF reconstituíram, com ajuda de empresas telefônicas, as ligações feitas pelo celular e descobriram que vários telefonemas desembocavam no Rio Grande do Sul.