Pode parecer inusitado misturar a figura do detetive, encarnação da lógica e da racionalidade investigativa, com os pesadelos e monstros da literatura de horror, mas é exatamente essa mescla, temperada com muito humor, que faz o sucesso do gibi italiano Dylan Dog. Na esteira das adaptações de quadrinhos que hoje são a tônica na indústria de cinema, Dylan Dog também ganhou as telas no filme Dylan Dog e as Criaturas da Noite, dirigido por Kevin Munroe (de As Tartarugas Ninja: O Retorno).
Criado pelo roteirista Tiziano Sclavi em 1986, o Dylan Dog dos quadrinhos é um ex-investigador da Scotland Yard que montou sua própria agência de detetive e acabou envolvido em casos sobrenaturais. Dog veste sempre a mesma roupa - jeans, paletó preto, camisa vermelha, sem gravata - e topa em seu trabalho com vampiros, zumbis, demônios e outros clichês recorrentes da ficção de horror. Tem como assistente um mordomo amalucado, Groucho - que não apenas é fisicamente igual ao mais famoso dos irmãos Marx como muitas vezes abrilhanta as páginas com as pérolas de humor nonsense do comediante que lhe serviu de inspiração.
Na Itália, Dylan Dog é publicado pela editora Bonelli, a gigante local dos "fumetti", como os habitantes da bota chamam suas HQs. É a mesma editora de títulos bastante conhecidos também no Brasil, como Tex, Zagor e Ken Parker. Embora não tenha emplacado por aqui, em edições de casas como Globo, Mythos, Conrad e Record, Dylan Dog é imensamente popular na Itália. O endereço que é sua residência em Londres, Craven Road nº 7, recebe visitas frequentes de fãs do herói - um fenômeno que repete em menor escala o que ocorre com a casa de Sherlock Holmes na mesma cidade. Na Londres "de verdade", os visitantes encontram não a estranha casa de Dylan, mas um café.
Os traços de Dylan Dog foram emprestados de um ator de carne-e-osso: Rupert Everett. O desenhista Cláudio Villa inspirou-se em Everett após assistir ao filme de 1984 Memórias de um Espião. Por anos as especulações de um filme do investigador tinham como condição inevitável a escalação do próprio Everett, mas quando a produção enfim foi realizada, o estúdio preferiu um ator mais jovem: Brandon Routh, que arrisca outro herói de quadrinhos depois de Superman: O Retorno, de Bryan Singer. A escolha do ator ão provocou tanta polêmica quanto a decisão de substituir o carismático Groucho por um assistente zumbi vivido por Sam Huntington - o Jimmy Olsen do mesmo filme do Super-Homem estrelado por Routh. A decisão vem sendo unanimemente criticada pelos fãs.
