A pandemia do coronavírus deflagrou a maior crise no mercado de trabalho desde a Segunda Guerra Mundial, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou em comunicado no último dia 8 que 1,25 bilhão de trabalhadores estavam correndo o risco de demissão ou redução de salários. A incerteza de quando as coisas voltarão ao normal gera um medo coletivo entre empregadores e funcionários que precisa ser encarado.
Empresária formada em relações públicas e professora de Liderança e Inteligência Emocional da ESPM-Rio, Lilian Cidreira enxerga duas estratégias que as empresas podem aderir para diminuir esse medo: a transparência e o estímulo ao engajamento.
– Quando a empresa está perdida no que pode fazer para não ficar estagnada, isso é transmitido às equipes. Se a empresa consegue compartilhar com a equipe de maneira ampla o que está acontecendo e as expectativas, isso diminui o estresse da equipe e estimula os colaboradores a pensar no que podem inovar. Por pior que seja a situação da empresa, é melhor ser franco do que mascarar e gerar incerteza e insegurança maiores.
A velocidade com que a empresa precisa tentar responder a esse cenário requer uma postura mais protagonista de todo mundo, mas não posso exigir essa postura da equipe sem dar os argumentos e a motivação necessários.
LILIAN CIDREIRA
Empresária e professora
O momento atual impõe a necessidade de reinvenção e, para contar a ajuda dos funcionários, a empresa precisa demonstrar que a porta está aberta a isso, prossegue Lilian. Assim, pode ser percebida não como antagonista, mas como parceira:
– A velocidade com que a empresa precisa tentar responder a esse cenário requer uma postura mais protagonista de todo mundo, mas não posso exigir essa postura da equipe sem dar os argumentos e a motivação necessários. Quando a empresa ajuda a pessoa a tirar ideias do papel, o foco muda do problema para a solução e isso gera redução na ansiedade e no medo.
Quanto ao empregado, cabe estudar os impactos que a empresa está sofrendo e propor soluções, como melhorias de processos internos. As demissões fogem ao controle dos empregados, mas ter consciência de estar dando a sua contribuição aplaca o medo do colaborador e aumenta suas chances de se manter no quadro. Além de estabelecer uma rotina produtiva mesmo trabalhando de casa, Lilian sugere que o funcionário se faça presente:
– Uma vez que não estou num escritório físico e meu gestor não está vendo se eu estou trabalhando, é muito importante usar o grupo de WhatsApp para compartilhar ideias, manter contato com o gestor, falar "hoje vou focar nestas atividades" e, ao fim do dia, enviar e-mail com o que realizou. Isso não garante o emprego, claro, mas se não fizer nada, a chance de demissão aumenta.