É a história. E a Seleção Feminina tem a chance de escrever o capítulo mais importante e vitorioso da sua. Justamente diante do maior algoz. Todos os elementos estão presentes para que ao meio-dia de sábado (10) o Brasil se livre de um tabu. E ainda proporcione uma despedida à altura da maior de todos os tempos.
Quando a bola rolar no Parque dos Príncipes, em Paris, o futebol feminino brasileiro reencontrará os Estados Unidos na busca pelo seu primeiro ouro olímpico. A confiança será um dos trunfos para derrotar as pentacampeãs olímpicas e mundiais.
— Vamos gigantes para essa final, a gente sabe da qualidade da equipe dos Estados Unidos, mas também sabemos do que a gente é capaz. Ainda teremos a Marta de volta e vai ser lindo e histórico — enfatizou a atacante Gabi Portilho.
A camisa 10 poderá despedir-se da Seleção Brasileira em uma decisão, encerrando a história da mesma forma que ela se iniciou. Lá em 2004, quando o Brasil disputou sua primeira final olímpica, Marta já defendia as cores canarinho. Com 18 anos, viu as norte-americanas buscarem a vitória na prorrogação, depois do 1 a 1 no tempo normal. Em 2008, a história se repetiu, em uma nova final com título dos Estados Unidos.
Enquanto a geração de Marta lutava pelos primeiros feitos do futebol feminino, uma geração de meninas crescia acompanhando e torcendo. Agora, elas têm a oportunidade de dividir o campo com a camisa 10, e cravar seus nomes na história junto com o da seis vezes melhor do mundo.
— Assisti ao jogo, mas era bem pequena. A minha avó me conta que durante os poucos jogos transmitidos na televisão, eu falava pra ela que queria estar ali, que um dia ela me veria jogando na Seleção. E, hoje, isso está acontecendo, é a realização de um sonho particular — relembrou a goleira Lorena.
Era esse o desejo de Marta. Há cinco anos, quando o Brasil despediu-se da Copa do Mundo após uma amarga derrota para a França, a atacante usou os microfones para fazer um apelo às novas gerações. Agora, está vendo de perto a evolução de meninas que serão o futuro da Seleção.
— Não vai ter uma Formiga para sempre, uma Marta, uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim — falou Marta após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2019.
O último capítulo da história de Marta com a camisa da Seleção Brasileira pode ser com sorrisos. A despedida à altura de Vossa Majestade. De quem muito fez pelo futebol feminino. De quem foi seis vezes a melhor do mundo. De quem lutou para que a modalidade ganhasse espaço e visibilidade. De quem sempre será lembrada. A maior de todos os tempos.