Com diversos protestos, os franceses não deixaram passar ilesas as controvérsias das Olimpíadas de Paris, que se iniciam em 26 de julho. O país, que recém passou por eleições e que no ano passado teve manifestações massivas contra a reforma da previdência proposta por Macron, voltou às ruas neste ano para reivindicar salários e ideais. Confira algumas das manifestações francesas antes do início dos Jogos.
Contra a água do Sena
A hashtag #Jechiedanslaseinele23juin tomou conta das redes sociais francesas no penúltimo domingo de junho, quando um protesto que prometia "cocô coletivo no rio Sena" foi marcado por internautas. O ato protestava contra o investimento público de 1,4 milhão de euros (R$ 8,2 milhões) para a melhoria da qualidade da água do Sena, que corta a cidade e deve servir como local de prova do triatlo e da maratona aquática.
A data da manifestação coincidia com o nado simbólico que havia sido prometido pelo presidente, Emmanuel Macron, e pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Porém, devido às condições ainda impróprias, a o ato das autoridades foi postergado para 15 de julho. Na internet, além da hashtag, viralizaram imagens criadas com inteligência artificial para ilustrar o protesto.
Faltando menos de um mês para o início das Olimpíadas, o Rio Sena continua apresentando níveis elevados de poluição. Testes revelaram níveis de contaminação pela bactéria Escherichia coli (e. coli) acima dos limites estabelecidos pelas federações esportivas, que é de 900 unidades de colônia de bactéria por 100 mililitros. Desde o início das medições para os Jogos, o nível de poluição nunca ficou abaixo do limite.
Greve dos fabricantes de medalhas
Em abril e maio deste ano, servidores da casa da moeda francesa responsáveis pela fabricação das medalhas olímpicas entraram em greve. Os trabalhadores reivindicavam "bônus olímpico" nos salários, já que cada medalha de Paris 2024 recebe 18 gramas de metal original da Torre Eiffel incrustrado — um processo delicado e complexo.
"Policiais furiosos"
Em janeiro deste ano, sindicatos de servidores das forças públicas francesas protestaram contra a falta de remuneração extra durante os Jogos. O plano de segurança do governo inclui uma mobilização ampla do setor, e demandaria trabalho a mais dos policiais — ainda por cima, no verão, período comum de férias.
Segundo reportagem do Le Monde, após dois dias de protestos e greve parcial do setor, foi conquistado um bônus de até 1,9 mil euros (cerca de RS 11 mil reais) por servidor.
Baile antirracista
Os protestos se deram após Marine Le Pen, política francesa de extrema-direita, e seu partido fazerem comentários racistas acerca da cantora franco-malinesa Aya Nakamura. Aya, que é a cantora francófona mais popular do mundo, possivelmente se apresentaria na abertura das Olimpíadas interpretando música de Edith Piaf. De acordo com a Folha, ativistas da organização SOS Racisme se reuniram para um "baile antirracista" em apoio à cantora em frente à sede do partido, que estava fechado.
Produção: Fernanda Axelrud