Prestes a atuar em uma arena ao lado da Torre Eiffel, em Paris, o atleta brasileiro de vôlei de praia André Stein, 29 anos, preparou uma estratégia para não se emocionar com o monumento francês durante as partidas das Olimpíadas. O capixaba pretende aproveitar ao máximo a paisagem nos treinos de reconhecimento da quadra nesta semana. Assim, acredita que não irá se deslumbrar durante a competição.
— Não paramos de receber fotos e vídeos, a arena ficou sensacional. Somos privilegiados por jogar em um lugar tão icônico. Mais que todo mundo, queremos logo treinar lá para sentir esse clima e se deslumbrar um pouquinho. Porque, depois que o torneio começar, não tem que pensar em torre, só em levar uma medalha para casa — disse o atleta, que forma dupla com o paraibano George Wanderley.
A arena do vôlei de praia é forte candidata a cartão-postal das Olimpíadas. Afinal, a expectativa e o fascínio de atletas como André Stein são compartilhados pelos torcedores que adquiriram ingresso para os Jogos.
— Não é todo dia que se assiste a um jogo ao lado de um ponto turístico famosíssimo como a Torre Eiffel. Aposto que todo mundo vai estar vidrado tanto no jogo quanto na torre — espera o servidor público gaúcho Giscard Stephanou, 50 anos.
Ele adquiriu seis ingressos para o vôlei de praia, incluindo para a final feminina, onde o Brasil tem grande chance de ir ao pódio com a dupla líder do ranking mundial, formada por Ana Patrícia Ramos e Duda Lisboa.
Local restrito
Construída no Champ de Mars, enorme parque situado ao lado da torre, a arena está cercada por tapumes e até agora foi vista a olho nu por um seleto grupo de pessoas. Para manter as visitações ao monumento, a prefeitura de Paris construiu uma espécie de labirinto no entorno, isolando os visitantes das áreas de competições e criando um perímetro de segurança, onde só pode entrar quem está credenciado para os Jogos.
Apesar dos bloqueios, a movimentação de turistas era intensa neste domingo (21), quando GZH visitou o local. Contudo, quase ninguém ali estava em Paris pelas Olimpíadas.
— Estou tentando entrevistar algum torcedor que vai assistir aos Jogos, mas não consigo encontrar nenhum — disse a jornalista chinesa Zoe Zhang, do canal Awai.
Com a credencial olímpica, GZH circulou pela área restrita no entorno da torre, onde chamou atenção a presença de uma patrulha de soldados do exército francês armados com metralhadoras, cena ainda pouco usual nas ruas de Paris às vésperas da Olimpíada.
Os restaurantes do local vivem um grande transtorno. Localizados dentro do perímetro de segurança, funcionam quase vazios, atendendo apenas jornalistas credenciados, moradores do bairro e turistas com ingresso para subir no topo da torre, os únicos com acesso permitido à região.
— Era para estarmos lotados, mas, como você pode ver, estamos com poucos clientes. Isso é muito injusto conosco — protestou a garçonete de um restaurante, que se identificou apenas como Cristine.
As ruas da região serão liberadas para a circulação de pedestres após a cerimônia de abertura, marcada para sexta-feira (26). Já a Arena Torre Eiffel será inaugurada para o público no sábado (27), quando os torcedores com ingresso para os jogos do vôlei de praia já poderão se deslumbrar com a vista da torre. Mas apenas os torcedores. André Stein e George Wanderley estarão focados na luta pelo pódio.