Em ano pré-olímpico, os campeonatos mundiais ficam ainda mais importantes. No próximo sábado (19), em Budapeste, na Hungria, começa o Mundial de Atletismo, a competição mais relevante do calendário da modalidade em 2023. O torneio faz 40 anos e ocorre desde a edição realizada em Helsinque, em 1983. Neste ano, será realizada no novíssimo Centro Nacional de Atletismo, construído na margem leste do rio Danúbio, no lado sul da cidade, com capacidade inicial para 35.000 pessoas.
Segundo a organização, são esperados mais de 2 mil atletas de mais de 200 países. Entre eles, o Brasil terá 55 (30 mulheres e 25 homens) na capital húngara. O país participou de todas as edições do Campeonato Mundial de Atletismo, conquistando, no total, até a edição de 2022 em Eugene, nos Estados Unidos, 15 medalhas, sendo duas de ouro, seis de prata e sete de bronze.
— Sabemos que o atletismo é muito coletivo, ninguém faz nada sozinho. É motivo de muita alegria fazer parte de uma delegação em um Mundial. É botar o nome na história. Expectativa é sempre a melhor possível, temos uma geração muito boa, temos uma responsabilidade grande, fizemos a melhor campanha no Mundial de Eugene, queremos superar essa metas — afirmou Wlamir Leandro Motta Campos, presidente da CBAt.
Três dos atletas que foram medalhistas em edições passadas de Mundiais estarão em Budapeste: Alison dos Santos, ouro no ano passado e bronze na Olimpíada de Tóquio, na prova dos 400m com barreiras, Caio Bonfim, medalha de bronze nos 20km marcha atlética no Mundial de Londres, em 2017, e Letícia Oro, do salto em distância, que ficou com o terceiro lugar em Eugene.
O primeiro se recuperou recentemente de uma lesão no menisco do joelho direito no começo de 2023 e perdeu parte do ano que antecede os Jogos de Paris. Alison voltou às pistas em julho, quando acabou com a prata em uma das etapas da Diamond League. Correndo 47s66, ele garantiu índice para a Olimpíada do ano que vem.
O segundo será um dos brasileiros a competir. Ao lado de Max dos Santos, Bonfim disputará a final dos 20km na marcha atlética, a partir das 3h50min da manhã de sábado. Ele é o atual número 2 do mundo na prova e ainda disputa os 35km na marcha atlética também. Além do bronze em Londres, o corredor foi quarto nos Jogos do Rio, em 2016, terceiro no Pan, em 2015, e segundo na mesma competição, mas em 2019.
O nome do momento
Na final do Campeonato Sul-Americano de Atletismo, um dos recordes mais longos do atletismo brasileiro foi derrubado. Entre 1988 e 27 de julho de 2023, ninguém no Brasil correu mais rapidamente os 100m rasos do que Robson Caetano. O dia viu Erik Cardoso se transformar no homem mais rápido do Brasil ao correr 9s97. Junto com a honraria, o velocista de 23 anos conquistou índice para os Jogos Olímpicos de 2024.
Com a marca, o recorde e o momento, Erik surge como um dos nomes brasileiros que podem surpreender em Budapeste. Com os 9s97, na Olímpiada de Tóquio, ele teria se classificado para a final e terminado a prova em sexto lugar.
— Acho que agora é continuar o trabalho. Só Deus sabe o quanto eu posso correr, o meu limite. Acredito que com o trabalho duro eu vou melhorar as marcas para, como eu disse na primeira pergunta, sempre melhorar a marca pessoal. A gente vai trabalhando duro para conseguir melhorar os resultados — disse Erik em entrevista recente a GZH.
Os gaúchos
O Rio Grande do Sul terá dois representantes na Hungria. Almir Júnior, atual campeão sul-americano no salto triplo, e Jaqueline Weber, dos 1500m. Atleta da Sogipa, ele vem treinando em Portugal. Almir foi venceu o Sul-Americano da prova recentemente, quando também garantiu índice para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Na ocasião, saltou 17m24cm. Almir entra nas pistas para a qualificação no sábado, às 14h35min (horário de Brasília).
Natural de Teutônia, Jaqueline entra para história do atletismo nacional uma vez que é a segunda atleta na história convocada para disputar o mundial na prova dos 1500m. Ela se classificou através do sistema de ranking de pontos da World Athletics, que calcula uma média dos cinco. melhores resultados dos atletas, nos 12 meses antecedentes ao campeonato mundial.
— Disputar o principal evento do calendário mundial é sem dúvidas a realização de um sonho. Há um ano dos Jogos Olímpicos, atingir este patamar, mostra mais uma vez a solidez de nosso trabalho. Se me dissessem no início do ano, que seria nos 1500m, eu também não acreditaria. Mas a nossa evolução mostrou que é possível estar entre as melhores do mundo em ambas as provas do meio-fundo — comentou a gaúcha, que disputa também os 800m em torneio internacionais.
Ela fará sua estreia em Budapeste no sábado, às 8h15min, nas eliminatórias da prova.
As medalhas do Brasil em Mundiais Outdoor
Ouro
- Fabiana Murer – salto com vara – 4,85m – Daegu-2011
- Alison dos Santos - 400m com barreiras - 46s29 - Eugene-2022
Prata
- José Luiz Barbosa – 800m – 1:44.24 – Tóquio-1991
- Claudinei Quirino – 200m – 19.89 (-0.8) – Sevilha-1999
- Sanderlei Parrela – 400m – 44.29 – Sevilha-1999
- 4x100m masculino – 38.26 – Paris-2003 (Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Cláudio Roberto de Sousa)
- Jadel Gregório – salto triplo – 17,59m – Osaka-2007
- Fabiana Murer – salto com vara – 4,85m – Pequim-2015
Bronze
- Joaquim Cruz – 800m – 1:44.27 – Helsinque-1983
- José Luiz Barbosa – 800m – 1:43.76 – Roma-1987
- Luiz Antônio dos Santos – maratona - 2:12:49 – Gotemburgo-1995
- Claudinei Quirino – 200m – 20.26 (2.3) – Atenas-1997
- 4x100 m masculino – 38.05 – Sevilha-1999 (Raphael Raymundo de Oliveira, Claudinei Quirino, Edson Luciano Ribeiro e André Domingos)
- Caio Bonfim – 20 km marcha atlética – 1:19.04 – Londres-2017
- Letícia Oro - salto em distância - 6,89m - Eugene-2022