Saí nesta terça do Estádio Olímpico de Tóquio com a convicção de que testemunhei o início da trajetória de alguém que será lembrado um dia como um dos maiores nomes da história do atletismo brasileiro. Provavelmente é exagerado dizer que, hoje, Alison dos Santos já atingiu este patamar. Mas creio que em breve, isso será uma obviedade.
Digo isso não só com base no talento ou na velocidade de Alison nas pistas, o que é uma obviedade. Mas especialmente devido ao seu carisma e a sua preocupação social.
Quando o atleta passou pela posição da Rádio Gaúcha, na zona mista, estava no ar o Correspondente Ipiranga e só voltaríamos ao vivo direto do estádio cinco minutos depois. Quem é de rádio sabe o significado desse drama. Afinal, poucos são os atletas que aceitam ficar cinco minutos em uma zona mista esperando por um jornalista.
Alison dos Santos é um deles. Com a medalha de bronze no peito, ele ficou conversando comigo enquanto o noticiário era apresentado. Mas não foi a gentileza do atleta comigo que me chamou atenção. E sim o seu carisma. Comigo e com todos.
Enquanto conversávamos, o produtor da Rádio Gaúcha, Yuri Falcão, fez uma piada no grupo de WhatsApp dos profissionais da RBS envolvidos na cobertura olímpica.
"Não deixa o Alison sair correndo, Rodrigo"
Mostrei a mensagem na hora para o Alison. E o atleta respondeu com uma mensagem de áudio no próprio grupo da Gaúcha. Disse para a turma não ficar preocupada: "Já bateu o cansaço, não consigo ir pra canto nenhum", disse.
Antes mesmo da entrevista começar, o carisma do atleta já tinha conquistado a mim e aos meus colegas de Grupo RBS. E, convenhamos, é bom demais conversar com pessoas legais.
Que do ponto de vista técnico Alison tem todas as condições para ser um ícone do atletismo, isso é indiscutível. Afinal, o homem começou o ano correndo na casa dos 48s e, de forma meteórica, terminou os Jogos Olímpicos 2020 correndo já na casa dos 46s.
— O que ajuda bastante a evoluir rápido, sonhar alto e ter metas altas. Isso vai te colocar em um nível gigantesco de dedicação. Os dois atletas que correram mais rápido que eu me motivam muito a evoluir — explicou.
Após o bronze em Tóquio, Alison quer inspirar os demais atletas a não desistirem dos seus sonhos.
— Assim como eu e o Thiago Braz conseguimos, vários atletas também podem. O Brasil tem total capacidade para virar uma potência no atletismo e fazer história. O Brasil tem muitos atletas de qualidade, e eu quero incentivá-lo. Quero que a minha trajetória seja um incentivo para que todos vejam que é possível chegar aqui — finalizou.
Talentoso, rápido, ciente do poder de inspiração do esporte, carismático e gente boa. Com essas credenciais, não há dúvidas: está nascendo um novo ídolo para o atletismo brasileiro.