Érica Sena viveu, nesta sexta-feira (6), uma das maiores frustrações de um atleta brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ela estava perto de ganhar o bronze na marcha atlética feminina dos 20km, mas recebeu a terceira advertência nos metros finais da prova, tendo de parar por dois minutos, e terminou o percurso na 11ª colocação, com o tempo de 1h31min39s, perdendo o terceiro lugar para a chinesa Hong Liu, que marcou 1h29min57s.
— Queria muito esse resultado. A marcha atlética brasileira precisava muito disso, e eu dei tudo de mim na competição. Estou contente, porque hoje fiz a melhor prova da minha vida. Me considero uma vencedora. Tive um ano muito difícil, treinei com muitas dores, pensei em parar. Agradeço muito ao meu treinador, que me deu muita força para que eu não desistisse — disse a atleta.
O ouro ficou com Antonella Palmisano, da Itália (1h29min12s). O país também venceu a prova masculina na quinta-feira. A prata ficou com a colombiana Lorena Sandra (1h29min37s).
Érica fez uma excelente prova, esteve durante quase todo o percurso no pelotão da frente e chegou a liderar em alguns momentos. Na reta final, acelerou as passadas e ultrapassou a chinesa, com quem disputava o terceiro lugar.
No entanto, a poucos metros para cruzar a linha de chegada, no momento em que aumentava o ritmo para buscar a prata, a brasileira foi penalizada com a terceira advertência, que obrigou a marchadora a fazer uma parada de dois minutos e a tirou do pódio.
— O que ocorreu no final foi muito inesperado, e nunca havia acontecido comigo em grandes competições. A chinesa que estava atrás de mim é a atual campeã mundial e uma atleta muito rápida. A ideia era acelerar antes e ganhar distância dela. Deu certo e, quando vi, já estava me aproximando da colombiana e brigando pelo segundo lugar. Depois disso, todos viram o que aconteceu. É muito duro por tudo que fiz, mas aconteceu. Fiz o melhor que pude e dei tudo de mim por essa medalha — explicou Érica.
Na marcha atlética, o competidor não pode tirar os dois pés do chão ao mesmo tempo. Quando um sai do solo, o outro começa o movimento e o joelho da perna que dá a passada não pode ser flexionado até que o movimento seja realizado por completo. Vários juízes ficam espalhados ao longo do percurso para aplicar as eventuais advertências. A terceira sanção obriga o atleta a parar por dois minutos.
Érica é a melhor marchadora da história do Brasil, com várias conquistas importantes. Foi sexta colocada no Mundial de Pequim, quarta nos Mundiais de Londres 2017 e de Doha 2019 e sétima nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, além de medalhista em Jogos Pan-Americanos. Neste ano, em março, a poucos meses das Olimpíadas, obteve a melhor marca sul-americana dos 35km na marcha atlética.