Pouco mais de duas semanas depois de ver uma cerimônia de abertura sóbria e com o receio do que seriam os 15 dias seguinte, o Japão encerrou os Jogos Olímpicos de Tóquio neste domingo (8) em clima de alegria e com um maior número de atletas na cerimônia. Passados 339 eventos e 1003 medalhas, havia chegado a hora de dizer adeus ao maior evento poliesportivo do mundo — com o lema proposto pelos japoneses de "os mundos que compartilhamos juntos".
Os Jogos também ficarão marcados para o Brasil. O país bateu o recorde de medalhas conquistadas em uma mesma edição, com 21. O número superou as 19 medalhas vencidas no Rio de Janeiro, em 2016. Neste ano, foram sete ouros, seis pratas e oito bronzes, tendo na ginasta Rebeca Andrade, com um ouro e uma prata, uma das maiores estrelas brasileiras no continente asiático.
Sem a presença de público e com bem menos atletas do que de costume, a cerimônia de encerramento começou da mesma forma que a de abertura, com uma salva de fogos de artifícios. Depois, de maneira protocolar, foi exibido um vídeo com alguns dos melhores momentos das Olimpíadas. Na sequência, sob os olhares de Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), e dos representantes do Japão, a bandeira japonesa adentrou o Estádio Olímpico de Tóquio sob a execução do hino nacional.
No desfile das delegações, o Brasil foi representado por Rebeca Andrade, da ginástica artística, como porta-bandeira. Assim como na cerimônia de abertura, o Japão preferiu seguir o ordenamento alfabético japonês, onde as vogais vêm antes das consoantes, o que fez com que o Burajiru, como o Brasil é chamado no alfabeto katakana, fosse apenas a 151ª nação a entrar no local. Aos poucos, outros integrantes da delegação brasileira juntaram-se a medalhista de ouro e prata, caso do boxeador Hebert Conceição, ouro na categoria até 75kg.
Além dos dois atletas, mais quatro integrantes do Time Brasil estiveram na cerimônia: Francisco Porath, treinador da ginástica artística; Bira, colaborador do Comitê Olímpico Brasileiro (COB); Ana Carolina Corte, médica do COB; e Sebastian Pereira, sub-chefe da missão brasileira nas Olimpíadas.
Ao contrário de duas semanas atrás, desta vez, mais gente se fez presente no gramado do estádio e em um clima mais festivo, talvez por alívio de ver que os Jogos tenham transcorrido sem mais percalços, apesar dos 436 casos de covid-19 contabilizados no Japão desde o dia 1º de julho entre as quase 52 mil pessoas credenciadas para os Jogos.
Finalizada a entrada e a comemoração dos atletas, foi iniciada a parte artística da cerimônia. Assim como já havia sido na abertura, os japoneses apostaram novamente nos jogos de luzes, que saíram das arquibancadas e do gramado e foram subindo ao céu de Tóquio. No fim, foram formados os anéis olímpicos, praticamente como se fosse a energia de torcedores e atletas que emanassem ao alto do estádio.
Entre uma homenagem para os moradores de Tóquio e shows, o breakdance, esporte que entrará no programa olímpico em Tóquio, deu seus sinais no palco instalado no estádio. Como um prenúncio de Paris, sede das próximas Olimpíadas, a música clássica de Edith Piaf, Hymne a l'Amour, foi cantada por Milet, cantora japonesa.
Depois dos shows, a cerimônia voltou à parte protocolar, com a execução do hino grego e o hasteamento da bandeira do país europeu. Também como uma novidade, os medalhistas da maratona, masculina e feminina, subiram ao pódio em meio a todo show e aos protocolos de encerramento.
Passadas as medalhas, foi feita uma homenagem aos voluntários, que ajudaram a fazer as Olimpíadas de Tóquio e também viraram a "torcida" dos atletas nas arenas de competições, sem a presença de público. Houve também um momento para lembrar todos aqueles atletas e pessoas que morreram nos últimos anos.
De volta para a dança, foram apresentados quatro coreografias tradicionais de quatro regiões diferentes do Japão, para celebrar a diversidade do povo japonês. Na sequência, o início da cerimônia de passagem do bastão olímpico, de Tóquio para Paris.
Além de Thomas Bach, entraram no palco a governadora da capital japonesa Yuriko Koike e a prefeita da cidade francesa Anne Hidalgo. Os prenúncios das próximas Olimpíadas não pararam por aí e continuaram com La Marseillaise, hino francês, tocada por uma orquestra e vários músicos em um vídeo, que também mostrou os lugares turísticos de Paris, mostrando a bandeira dos Jogos de 2024, hasteada na Torre Eiffel, símbolo da cidade, e encerrado com um recado do presidente Emmanuel Macron do alto do monumento.
As imagens ao vivo da França mostraram uma multidão em frente a torre, com atletas medalhistas no Japão celebrando com os franceses, caso do judoca Teddy Riner, ouro por equipes e bronze no individual. O clima de festa retornou ao protocolo, com os discursos das autoridades, Koike, Hidalgo e Bach, completando a transição de Tóquio para Paris.
— Esse tempo que estamos vivendo, vocês deram esperança que as coisas vão melhorar. O esporte voltou ao seu palco principal, milhares de pessoas pelo mundo se juntaram novamente para vê-los nas Olimpíadas. Isso nos dá esperança, nos dá fé para o futuro. As Olimpíadas de Tóquio podem ser consideradas os Jogos da esperança, da solidariedade e da paz. O Japão fez tudo para que todos brilhassem, em nome de todos do comitê e dos atletas, nós agradecemos. Obrigado Tóquio, obrigado Japão. Agora, declaro o fim dos Jogos mais difíceis de toda história. Convido a todos, daqui três anos, a se encontraram na França e em Paris — disse Thomas Bach.
Antes da pira olímpica ser apagada no Japão, mais dois shows. Primeiro, com uma música japonesa e, depois, com uma francesa, continuando a passagem de 2021 para 2024. A flor de cerejeira, onde brilhava o fogo da abertura dos Jogos, se fechou, as luzes do Estádio de Tóquio se desligaram e, por fim, estavam encerradas as 32ª Olimpíadas da Era Moderna, mas, antes, os organizadores fizeram uma convocação para as Paraolimpíadas, que começam no dia 24 de agosto. Arigato, Tokyo. Salut, Paris.