Logo depois de conquistar a medalha de bronze, o judoca gaúcho Daniel Cargnin, 23 anos, conversou com a Rádio Gaúcha direto de Tóquio. Em entrevista à jornalista Alice Bastos Neves, ele comemorou o pódio e enalteceu o Rio Grande do Sul:
— A garra vem do nosso povo. Sempre falei que meu ídolo é o João Derly (ex-judoca, natural de Porto Alegre), vejo que no Rio Grande do Sul tem muito isso, de não desistir. Todo mundo muito luta muito para conseguir o que quer. Sou muito feliz de ser gaúcho.
Cargnin levou o bronze após vencer o israelense Baruch Shmailov na disputa pelo terceiro lugar. Antes disso, ele havia vencido Mohamed Abdelmawgoud, do Egito, Denis Vieru, da Mongólia, e o primeiro colocado no ranking mundial, o italiano Manuel Lombardo. Na semifinal, porém, perdeu para o japonês Hifumi Abe, que levou o ouro.
Após a derrota, o judoca gaúcho contou que pegou o celular e foi assistir a um trecho de documentário sobre o jogador de futebol Cristiano Ronaldo. Ele relatou a admiração pelo atleta português, a quem considera um exemplo de dedicação.
— Acho ele menos habilidoso do que o Messi, mas admiro muito o Cristiano Ronaldo porque ele compensa com outras coisas, ele diz que, se não acreditar nele, ninguém vai acreditar. Comecei a ouvir, estava meio assim, tinha acabado de perder, mas pensei que o que eu poderia fazer era acreditar. Ontem (sábado, 24) estava com um pouco de medo, mas minha irmã sempre falou para eu focar no presente. Estou muito feliz — contou o judoca gaúcho.
Durante a preparação para os Jogos Olímpicos, Daniel sofreu com lesões e duvidou que conseguiria conquistar uma medalha em Tóquio, especialmente após o adiamento do evento. Quando chegou a hora das lutas, porém, disse que o objetivo era dar o seu melhor.
— Pensei: tenho que fazer valer a pena cada segundo dentro do tatame. As minhas atuações não estavam sendo muito boas. O italiano eu já tinha lutado e vencido. O israelense eu tinha lutado, perdido duas vezes, mas vencido a última. Eles estavam motivados. Mas eu sabia que tinha que mostrar garra, vontade e o que foi predominante para mim foi o jeito que a minha mãe me criou. Perdi para o japonês, mas saí de cabeça erguida — destacou Cargnin.
Aliás, sobre os ensinamentos da mãe, Ana Rita, garante que o fundamental foi manter sempre a humildade. Após conquistar o bronze nas Olimpíadas, deixou um recado a todos que sonham em ser atletas:
— Minha mãe me criou com muita humildade. Sou uma pessoa simples. Essa é a mensagem que eu quero dar, mostrar que é possível chegar aqui e realizar esse sonho.
Cargnin foi o segundo brasileiro a conquistar medalhas nesta edição nos Jogos Olímpicos. Antes dele, o paulista Kelvin Hoefler, do skate, levou a prata na prova de street.