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Conheci Samory Uiki em 2015, durante uma reportagem do Diário Gaúcho sobre um programa social da prefeitura de Porto Alegre, que distribuía tênis a crianças participantes de projetos sociais em suas comunidades.
Ele estava com 18 anos, morava há dois nos alojamentos da Sogipa e já era dono da oitava melhor marca do mundo no salto em distância na categoria sub-20. Aos oito anos, ele havia sido um dos contemplados com um par de calçados doados.
O fato é que ao conhecê-lo, mudei o rumo da minha reportagem. O texto seria apenas sobre o projeto social, com o depoimento de Samory que iria doar um tênis à campanha. Porém, acabou se tornando a história do então promissor atleta da Sogipa. Seria impossível voltar para a redação sem contar a trajetória do jovem que vibrava a cada salto que dava.
Fiquei muito impressionada com a calma e a determinação de Samory. Era possível perceber o foco dele em tornar-se um atleta de ponta. Ele tinha recebido oito convites de universidades norte-americanas e estava definindo qual seria o destino onde estudaria Relações Internacionais para seguir como atleta.
Lembro de ter comentado com os colegas da equipe sobre o brilho existente no olhar dele. Aquela garra de campeão, sabe!
Três anos depois, o reencontrei na Sogipa para uma nova reportagem. Ele, então, já era dono da quinta melhor marcada na categoria sub-23 e estava no terceiro ano da faculdade. Já era um homem mais maduro e calejado pelas dificuldades enfrentadas nos primeiros anos vivendo nos Estados Unidos. Também seguia focado em conquistar uma marca que o levasse à Olimpíada.

A vontade era tamanha, que mesmo nas férias em Porto Alegre durante os festejos de final de ano, Samory não parou de treinar. As manhãs de 25 de dezembro e de 1º de janeiro foram de treino na pista da Sogipa.
Quando soube que ele havia conquistado a marca desejada lá no começo de tudo, chorei. Contatei o Arataca, técnico da Sogipa, pedindo que encaminhasse os meus parabéns e o desejo de sucesso ao Samory.
O feito dele mostra que tudo se torna possível quando existe determinação e amor real pelo que se faz e o apoio de pessoas que acreditam no potencial.
Daqui, estarei acompanhando e torcendo muito por uma medalha para este guri de Porto Alegre. Boa sorte, Samory!!!