A tocha olímpica foi acesa nesta quinta-feira (25) em Fukushima (nordeste do Japão), noite de quarta-feira no Brasil, sem a presença do público, lançando o revezamento dos Jogos de Tóquio 2020, que foram adiados para este verão (no hemisfério norte) devido à pandemia de covid-19.
A tocha metálica de ouro rosa, que tem o formato de uma flor de cerejeira no topo, foi acesa no simbólico complexo esportivo J-Village, que serviu de base para operações de socorro em tragédias após o desastre nuclear de 2011 que se seguiu ao terremoto e tsunami.
Falando na cerimônia de lançamento, a presidente do Comitê de Tóquio-2020, Seiko Hashimoto, disse que esperava que a chama olímpica servisse como "um raio de luz no fim da escuridão".
— Esta pequena chama nunca perdeu a esperança e esperou por este dia como um botão de flor de cerejeira prestes a desabrochar — afirmou a ex-patinadora de velocidade, que ganhou um bronze nos Jogos de Inverno de Albertville em 1992.
O revezamento no território japonês, assim como os Jogos, será muito diferente das edições anteriores, com os espectadores proibidos de torcer e afastados do lançamento e do primeiro trecho devido às preocupações com o coronavírus.
Os fãs poderão acompanhar ao longo das pistas e aplaudir enquanto a chama atravessa o país, carregada por 10 mil corredores e passando por todas as 47 prefeituras antes de chegar ao Estádio Nacional de Tóquio para a cerimônia de abertura no dia 23 de julho.
Mas partes do revezamento podem ser suspensas se muitos espectadores se reunirem em um só lugar, e as máscaras são obrigatórias para todos.
Os organizadores fizeram os preparativos finais para o revezamento no ano passado, quando a pandemia de covid-19 levou o Comitê Olímpico Internacional (COI) à decisão histórica de adiar os Jogos, quando o esporte em todo o mundo foi interrompido.
Um ano depois, a pandemia ainda assusta, apesar das campanhas de vacinação em andamento, e os organizadores lutam contra o ceticismo público no Japão sobre a realização dos Jogos Olímpicos.
Com os espectadores que vivem em países estrangeiros impedidos de participar dos Jogos e as prováveis limitações que deverão ser impostas aos torcedores locais, o revezamento é visto como uma oportunidade vital para gerar entusiasmo. "O revezamento da tocha tem o objetivo de comunicar que os Jogos Olímpicos acontecerão", disse o CEO de Tóquio 2020, Toshiro Muto, a repórteres esta semana.
"Isso faz as pessoas sentirem que os Jogos estão prestes a começar - essa é a natureza do revezamento da tocha."
O início do revezamento colocará os holofotes de volta na região que foi afetada pelo terremoto, tsunami e desastre nuclear de 2011.
Os Jogos foram inicialmente anunciados como as "Olimpíadas da Recuperação", mostrando a reconstrução na região nordeste de Tohoku que foi devastada pelo terremoto, tsunami e a tragédia nuclear há uma década.
A pandemia ofuscou essa mensagem, mas os carregadores da tocha de Fukushima esperam que o revezamento ainda traga uma luz positiva à área.
— De longe, Fukushima pode parecer um lugar onde o tempo parou. Mas quando as pessoas virem os espectadores acompanhando nas estradas e a paixão dos corredores, acho que vão atualizar sua imagem em relação ao lugar — afirmou à AFP Hanae Nojiri, repórter de TV que será um dos portadores da tocha.
O revezamento passará por algumas cidades que permanecem apenas parcialmente abertas ao público, pois a descontaminação continua em áreas afetadas pela radiação.
* AFP