O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, admitiu pela primeira vez que a Olimpíada de Tóquio 2020, adiada para 2021, pode não acontecer caso a pandemia de coronavírus ainda não esteja controlada. A declaração corrobora a preocupação das autoridades japonesas e foi dada em entrevista ao portal inglês BBC Sports, nesta quinta-feira (21).
— É a última opção. Francamente, entendo isso (chance de cancelamento), porque você não pode empregar para sempre 3 mil ou 5 mil pessoas em um comitê organizador local. Você não pode mudar todos os anos todo o calendário esportivo mundial de todas as principais federações. Você não pode ter os atletas em incerteza. Você não pode ter tanta sobreposição com os futuros Jogos Olímpicos, por isso entendo essa abordagem de nossos parceiros japoneses — disse Bach.
Ao mesmo tempo, o alemão ressalta que tanto COI quanto governo japonês acreditam na realização dos Jogos adiados. A data de início foi remarcada para 8 de agosto de 2021. Bach acredita que a realização da Olimpíada possa ser uma mensagem de esperança e "solidariedade para todo o mundo, voltando a nos reunir outra vez e celebrando o triunfo sobre o coronavírus".
O presidente do comitê afirma que o primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, não teria outra escolha senão cancelar o evento caso as autoridades sanitárias mundiais e locais não garantam que haja condições. Bach sugere a possibilidade de que os 11 mil atletas e demais pessoas envolvidas cumpram quarentena às vésperas e durante os Jogos:
— Olhando os cenários que isso pode exigir para a organização, no que diz respeito às medidas de saúde, elas talvez precisem de quarentena para os atletas, para parte dos atletas, para outros participantes. O que isso pode significar para a vida em uma Vila Olímpica e assim por diante? Todos esses cenários diferentes estão sendo considerados, e é por isso que estou dizendo que é uma tarefa gigantesca, porque há tantas opções diferentes que não é fácil resolvê-las agora. Quando tivermos uma visão clara de como será o mundo em 23 de julho de 2021, tomaremos as decisões apropriadas.
O tom da entrevista é parecido ao do visto na coletiva que o próprio premier do Japão concedeu também na quinta-feira. Tanto Bach quanto Abe evitam condicionar a realização da Olimpíada adiada ao descobrimento de uma vacina contra a covid-19.
— Estamos contando com os conselhos da Organização Mundial da Saúde. Estabelecemos um princípio: organizar esses Jogos em um ambiente seguro para todos os participantes. Ninguém sabe como será o mundo daqui a um ano, nem mesmo em dois meses. Portanto, temos que confiar nos especialistas e tomar a decisão apropriada no momento apropriado, com base nos conselhos da OMS — comentou o primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe.