O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para 2021, por conta da pandemia de coronavírus, causará transtornos importantes para o Comitê Olímpico Internacional (COI) e para o governo japonês. O gestor esportivo gaúcho Luciano Elias, 47 anos, que trabalhou como gerente de sede na Copa do Mundo 2014, no Brasil, e na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, estima um prejuízo de US$ 2,5 bilhões (R$ 13,1 bilhões) com a mudança de data do mega-evento.
— O adiamento foi uma decisão sensata, mas que passa por uma liturgia de muitos itens a serem avaliados. É muito complexo. O primeiro fator é o econômico. Conversando com alguma pessoas que estão lá (no Japão), vejo que a previsão é de um impacto de US$ 2,5 bilhões (R$ 13,1 bilhões) pelas renegociações de diárias, hospedagens e contratos. Uma parte desse valor está segurado. Não saberia dizer quanto. Mas o grande prejuízo caberá ao governo japonês e ao COI — declarou Elias, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Um dos problemas é que todos os atletas e funcionários envolvidos com os Jogos Olímpicos de Tóquio já tinham passagens aéreas e hospedagens reservadas. Além disso, há contratos firmados com fornecedores e serviços de apoio para as dezenas de instalações.
— Vão ser renegociadas 1,2 milhões de diárias de hotéis de pessoas que ficariam hospedadas lá (no Japão) e mais 45 mil tickets aéreos. E tem mais todos os contratos das 47 instalações esportivas e das aproximadamente 90 instalações não-esportivas, como o IBC (Centro Internacional de Transmissão, na sigla em inglês), instalações de treino, a Vila Olímpica e o centro de credenciamento. O Japão já tem 16 mil funcionários trabalhando. Eles vão ter que rescindir os contratos ou então terão que permanecer com os funcionários trabalhando lá. Eles terão ainda que chamar todos os fornecedores para uma renegociação de contrato. E os fornecedores podem ter dureza em relação a isso, independentemente do motivo do adiamento — alerta.
Os problemas não param por aí. Como, em tese, as instalações dos Jogos Olímpicos não teriam mais atividades a partir do segundo semestre de 2020, várias delas já estavam reservadas para outros eventos e atividades, como a Vila Olímpica e o IBC. Agora, os contratantes precisarão ser ressarcidos.
— A Vila Olímpica tem como tradição a venda antecipada dos seus apartamentos para ocupação posterior aos Jogos. O IBC já tem prevista uma grande feira para o período em que foram remarcados os Jogos. Terá que haver uma renegociação — completa Elias.
Especialista em gestão esportiva, Luciano Elias trabalhou como gerente de sede do Estádio Beira-Rio, na Copa de 2014, e gerente da sede de hóquei sobre a grama nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. O profissional teve ainda uma passagem pelo Inter, onde ocupou o cargo de diretor-executivo de administração.