O Comitê Olímpico Espanhol (COE) pediu, durante videoconferência com outros comitês olímpicos na terça-feira (17), o adiamento da Olimpíada de Tóquio, com início previsto para 24 de julho, em decorrência da pandemia do coronavírus. De acordo com o presidente da entidade espanhola, Alejandro Blanco, os atletas do país não podem entrar no evento em "condições desiguais" por não poderem treinar.
A Espanha teve quarentena decretada no último domingo (15) e já contabiliza 11 mil pessoas contaminadas com o vírus. O número de mortos é de quase 500. No país, a população só pode ir para as ruas para comprar mantimentos e ir a hospitais.
— As notícias que recebemos todos os dias são desconfortáveis para todos os países do mundo, mas, para nós, o mais importante é que nossos atletas não podem treinar e celebrar os Jogos em condições desiguais. Queremos que a Olimpíada aconteça, mas com segurança — afirmou Blanco.
Após o anúncio de terça-feira (17) do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, de que não havia "necessidade de tomar decisões drásticas" nesse momento, mantendo a previsão inicial de abertura dos Jogos para 24 de julho, uma série de críticas surgiram no meio esportivo, tanto de esportistas quanto de ex-atletas e dirigentes.
A atleta grega Katerine Stefanidi, atual campeão olímpica do salto com vara, usou uma de suas redes sociais nesta quarta-feira (18) para reclamar da postura da entidade.
"Não é sobre como as coisas estarão em quatro meses. É sobre como as coisas estão agora. O COI está querendo que a gente se mantenha arriscando nossa saúde, a saúde da nossa família e a saúde pública treinando todos os dias? Estão nos colocando em perigo agora, hoje, não em quatro meses", escreveu.
Na terça, o Comitê Olímpico Internacional emitiu um comunicado para falar sobre a preparação dos atletas: "O COI incentiva todos os atletas a continuar se preparando para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 da melhor maneira possível".
Ainda no mesmo dia do pronunciamento da entidade olímpica, a ex-jogadora de hóquei no gelo Hayley Wickenheiser teceu críticas ao não adiamento de Tóquio 2020. Ela é um dos membros do comitê e disse ter sido voto vencido.
— Pensei bastante nisso (adiamento dos Jogos) nos últimos dias e a minha posição mudou. Votei representando o desejo dos atletas e a minha ideia de protegê-los. Como membro do COI, médica e participante de seis Olimpíadas, classifico como uma irresponsável a decisão de hoje (terça-feira) — disse a tetracampeã olímpica pelo Canadá.
Após o comunicado do COI, o nadador brasileiro Bruno Fratus também protestou nas redes sociais: "A mensagem foi claríssima: os Jogos Olímpicos não são sobre esporte e muito menos sobre os atletas", escreveu.