O aumento da preocupação mundial com a pandemia de coronavírus e a enxurrada de cancelamentos de eventos esportivos nos últimos dias impactam na possibilidade de realizar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 na data originalmente prevista. Até o momento, o Comitê Olímpico Internacional (COI) sustenta que não há previsão de adiamento ou cancelamento do evento, cuja cerimônia de abertura está marcada para 24 de julho.
Desde quinta (12), porém, articulações de protagonistas da diplomacia internacional e uma nova declaração do presidente do COI, Thomas Bach, indicam que o adiamento deixou de ser rechaçado como vinha sendo pelo comitê até então.
— Seguiremos as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Temos que reagir de uma forma muito flexível — disse Bach em entrevista à emissora de televisão alemã ARD.
Ele reconheceu o perigo causado pela pandemia e também lembrou que os países mais afetados pelo coronavírus, como China e Itália, merecem condições igualitárias de classificação.
A preparação de atletas de todo o mundo tem sido afetada pelo cancelamento de eventos, e não há nenhuma garantia de que competições classificatórias fundamentais para as disputas olímpicas sejam realizadas a tempo. Nesta sexta, por exemplo, foi adiado de abril para junho o pré-olímpico masculino de handebol, do qual a seleção brasileira participaria.
A suspensão da temporada da NBA pode afetar o pré-olímpico de basquete, marcado também para junho, quando em tese a liga americana já teria chegado ao fim e seus atletas estariam livres para reforçar as seleções.
Comparada com outra declaração de Bach, na semana passada, de que as palavras "cancelamento" ou "adiamento" não haviam nem sequer sido mencionadas em uma reunião do conselho executivo da entidade, na Suíça, a fala em que o dirigente põe a decisão nas mãos da OMS mostra uma mudança significativa de cenário.
Também na quinta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu suas primeiras declarações sobre o tema. Em entrevista, deixou claro que prefere um adiamento dos Jogos do que a possibilidade já cogitada de realizar a Olimpíada sem público nas arenas.
Apesar de Trump não possuir nenhuma ligação direta com o evento, sua opinião tem peso político num momento em que o COI se vê cada vez mais pressionado. Horas mais tarde, o presidente americano voltou ao assunto, por meio de sua conta no Twitter.
"Tive uma ótima conversa com o primeiro-ministro Abe, do Japão. Eu disse a ele que a arena olímpica recém-concluída é magnífica. Ele fez um trabalho incrível que o deixará muito orgulhoso. Boas coisas acontecerão para o Japão e seu grande primeiro-ministro. Muitas opções!", escreveu.
Segundo o jornal Washington Post, a conversa por telefone durou cerca de 50 minutos, e nela foi tratado o tema do coronavírus em todas suas implicações, não apenas pelo impacto esportivo. Abe aposta na realização dos Jogos para promover a imagem de seu governo e a do país, mas até o momento não foi a público para sustentar que as datas do evento estão mantidas.
Nesta sexta (13), a organização da Olimpíada sofreu grande revés na preparação para os Jogos de Tóquio. O Comitê Olímpico Helênico, da Grécia, decidiu suspender a etapa do revezamento da tocha que seria realizado no berço dos Jogos até o dia 19 de março, por causa da aglomeração de pessoas.
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