Nas últimas oportunidades em que escrevi para a coluna No Pódio, em Zero Hora, abordei questões envolvendo o coronavírus e a Olimpíada. Pois o que era um problema localizado na China logo se transformou em epidemia e desde quarta-feira é oficialmente tratada como pandemia. O impacto da covid-19 no mundo é gigantesco. E o esporte começa a ser afetado em ritmo acelerado. Em um primeiro momento, foram adiadas ou canceladas competições na Ásia, origem do vírus. Depois, medidas restritivas atingiram a Europa e as Américas.
Nos últimos dias, disparou o número de eventos paralisados em diferentes modalidades, do futebol ao tênis, da vela ao judô. Até foram tentadas medidas paliativas, como a realização de disputas sem a presença de público. Mas essas iniciativas não foram suficientes. Atletas foram afetados e alguns já testaram positivo.
Claro que o discurso das autoridades evita alarmismos, e isso é prudente. Porém, as informações oficiais e a rápida expansão do coronavírus nos mostram que todo cuidado é necessário e deve ser tomado. A comunidade olímpica ainda resiste.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Organizador Tóquio 2020 tentam driblar o problema. Os interesses financeiros e eventuais prejuízos são os fatores determinantes para a demora das autoridades em cogitar possível suspensão, adiamento ou cancelamento do megaevento esportivo, uma medida extrema só adotada durante as duas Grandes Guerras.
O assunto ainda é tratado com certo distanciamento. Porém, os riscos à saúde são maiores do que qualquer outro interesse. Claro que os japoneses não poderão arcar com todos os prejuízos, mas isso é uma questão para ser discutida posteriormente.
Mas o movimento que começou na Europa e chegou à NBA e que já se estende ao futebol sul-americano terá reflexos em todos os âmbitos, já que competições classificatórias estão interligadas, assim como o calendário esportivo mundial será afetado em sua totalidade. Maior potência olímpica e econômica do planeta, os Estados Unidos já pressionam pela mudança de data dos Jogos.
Nesta quinta-feira (12), Donald Trump disse que autoridades deveriam considerar adiar os Jogos de Tóquio em um ano em razão da pandemia do novo coronavírus. O presidente também é contra a realização do evento sem espectadores. Vale lembrar que os EUA ainda não realizaram seletivas para suas equipes em modalidades como atletismo e natação, que despertam grande interesse do público americano – logo, das redes de TV que compram os direitos de transmissão e dos patrocinadores.
Para o bem do esporte olímpico e em especial da saúde de todos que se envolvem com os Jogos, não só os 11 mil atletas, 5 mil jornalistas e 80 mil voluntários, sou favorável à suspensão da Olimpíada de 2020 até que uma solução para conter o avanço do coronavírus seja encontrada.