A pernambucana Yane Marques estreia na manhã desta quinta-feira nos Jogos em uma condição muito diferente daquela que viveu nas olimpíadas de Pequim e de Londres. De figura desconhecida do público, virou uma referência do esporte nacional, a ponto de ser escolhida em votação aberta para carregar a bandeira brasileira na cerimônia de abertura da Rio 2016.
Essa virada foi sacramentada em 12 de agosto de 2012, quando Yane apresentou uma performance brilhante em uma das modalidades mais exigentes do esporte, o pentatlo moderno, que combina provas de esgrima, natação, hipismo, corrida e tiro. A brasileira começou o dia sem que existissem maiores expectativas ou cobranças a respeito de seu desempenho. Acabou no pódio, com uma medalha de bronze.
Ao Rio de Janeiro, ela chega trazendo na bagagem o vice-campeonato mundial de 2013, o terceiro lugar em 2015 e dois ouros pan-americanos, o que lhe garante um lugar no rol das favoritas, ainda que ostente no momento apenas uma modesta 12ª posição no ranking da modalidade. Para repetir o feito de Londres e conquistar uma premiação, terá de superar várias pentatletas de currículo mais avantajado.
O primeiro obstáculo a superar é a prova classificatória de esgrima, na qual fará 35 combates, uma com cada adversária. Essa é a única competição marcada para esta quinta. O grosso do esforço ocorre na sexta-feira. Das 10h até depois das 18h, Yane competirá sucessivamente nas cinco modalidades do pentatlo.
Nascida em Afogados da Ingazeira, no sertão pernambucano, a pentatleta é fã de forró, tem como hobby passear com o cachorro e gosta de comer caranguejo com massa. Sua frase favorita diz que "a dor é a fraqueza abandonando seu corpo". Aos 32 anos, faz parte do contigente de atletas brasileiros incluídos na folha de pagamento das Forças Armadas. Por causa dessa ligação, tem dois treinadores radicados em Porto Alegre, o coronel Alexandre França e o capitão de infantaria Thales Metre.
– Ela treina de seis a oito horas por dia, seis dias por semana. É muito focada e determinada, e é muito regular em todas as disputas. Isso que é importante no pentatlo, pois o melhor pentatleta é aquele regular em tudo – disse Metre em entrevista recente a Zero Hora.