A Ciclovia Tim Maia deveria estar presa às vigas de apoio, e não apenas encaixada sobre as estruturas, afirma o engenheiro Paulo Cesar Rosman, especialista em obras costeiras e professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
– Se estivesse engastada, aparafusada à viga, a ciclovia não seria suspensa pela força da onda. Poderia até rachar, mas não seria deslocada como um todo. Se quem projetou não previu que as ondas poderiam atingir a ciclovia por baixo, foi uma falha de projeto – comentou.
Duas pessoas morreram na quinta-feira no desabamento de um trecho da Ciclovia Tim Maia, que liga os bairros do Leblon e São Conrado e foi inaugurada pela prefeitura do Rio de Janeiro há três meses. Até o fim da quinta, bombeiros procuravam uma pessoa desaparecida.
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Segundo Rosman, a ciclovia foi atingida por uma onda longa, de 15 segundos, ante os 8 segundos costumeiros.
– Uma onda de 15 segundos tem quase oito segundos para subir e outro tanto para descer. Ela vai a alturas bem maiores; ali, ela ultrapassou os três metros. As ondas de hoje (quinta-feira) não tinham nada de extraordinário. São ondas comuns para esta época do ano – relatou.
Rosman também ressalta que há métodos para calcular a força das ondas, que consideram se o costão é suave ou íngreme.
– Uma plataforma que pode receber impacto de onda por baixo não deve ser toda fechada, mas sim em treliça, para que a água passe pelos buracos. Se a ciclovia tivesse o piso em treliça metálica de alumínio, toda vazada, a água entraria por baixo e geraria menos força – avaliou.
Resistência
O engenheiro Raul Rosas, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), também aponta para um "arrancamento" da pista dos seus pilares.
– A concepção começa com estudo urbanístico e arquitetônico. Compete aos engenheiros dar a essa estrutura a solidez, a resistência necessária, e prever possíveis ações que vão incidir sobre ela – alertou.
Rosas destaca ainda o aspecto geológico.
– No entanto, esse não parece ter sido problema. Temos rocha de boa qualidade e a fundação e os pilares resistiram perfeitamente. A causa ainda vai ser investigada – disse, em entrevista à GloboNews.
Segundo o engenheiro, o projeto deveria levar em conta o peso da estrutura e as cargas que a ciclovia receberia: ciclistas, vento e força das ondas.