Fabiana Murer é uma senhora atleta, e não estou falando de seus 34 anos. Há pouco, viu-se que faz parte de um trio que domina o salto com vara: ficou com a prata no Mundial após uma disputa emocionante com a cubana Yarisley Silva, a campeã, e a grega Nikoleta Kyriakopoulou, terceira colocada. Mas pergunte pela Rua da Praia sobre o que acham de Fabiana: os poucos que a conhecem só falarão dos fracassos em Jogos Olímpicos.
Uma das perguntas preferidas de nós, repórteres, a atletas que se preparam para a Olimpíada no Rio é como esperam reagir à pressão de competir em casa. Ainda que o cuidado com a parte psicológica seja importante, não imagino que a carga do evento no Brasil seja maior do que a colocada sobre os brasileiros em outras edições.
O atleta olímpico é invisível durante quatro anos. Há exceções, claro, mas elas geralmente se aplicam a quem já fez campanhas brilhantes em Jogos. Passamos a vigiar as braçadas de Cielo depois de Pequim, não antes. Yane Marques já dava mostras, antes de Londres, do que poderia fazer. Mas houve quem ficasse boquiaberto com o bronze "surpreendente" da pernambucana. Outros atletas, mesmo que tenham brilhado em Copas do Mundo ou Mundiais, mesmo que sejam reconhecidos fora do Brasil, dependem do desempenho na Olimpíada para terem o devido reconhecimento.
Como não sentir a pressão? Ela já é natural da principal competição da vida do atleta, que reúne os melhores do mundo, todos com uma preparação voltada para chegar aos Jogos no auge da forma. No caso brasileiro, soma-se à dureza dos adversários a certeza de que um fracasso pode definir como aquele competidor é lembrado para o resto da vida. Diante de tudo isso, competir em casa é fichinha.
*ZHESPORTES