O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luís Otávio Verissimo, interditou a Arena do Galo nesta terça-feira (12), dois dias após confusão causada pela torcida do Atlético-MG no segundo jogo da final da Copa do Brasil, em Belo Horizonte. Ele também definiu que o time mineiro jogue suas próximas partidas como mandante com os portões fechados.
A medida tem caráter provisório e ficará em vigor, segundo o STJD, até que o clube comprove a adoção de medidas necessárias e suficientes para garantir a segurança em seu estádio. O Atlético tem mais oito jogos até o fim da temporada, sendo que será mandante em três deles. O próximo confronto da equipe em Belo Horizonte será contra o Botafogo, dia 20, pelo Brasileirão.
O presidente do STJD tomou a decisão ao deferir pedido da Procuradoria do tribunal, que pediu a interdição do estádio atleticano. A alegação é de que a Arena é insegura, como teriam mostrado os casos de vandalismo, invasão e violência causados por parte da torcida local na derrota para o Flamengo, por 1 a 0, no domingo — o time carioca se sagrou pentacampeão da Copa do Brasil.
Pela decisão, o Atlético não poderá contar com torcida nas arquibancadas mesmo nos jogos que mandará longe de sua casa nas próximas semanas. Ao menos até uma decisão definitiva por parte do STJD.
— Defiro a liminar para determinar a interdição imediata da ARENA MRV, com a transferência dos jogos do Clube Atlético Mineiro SAF, na condição de mandante, para praça desportiva diversa, com portões fechados. A medida estará em vigor até que ocorra a comprovação, pelo clube, da adoção de medidas logísticas, estruturais, administrativas e disciplinares necessárias e suficientes para garantir a segurança adequada na Arena MRV, ocasião em que a medida será objeto de nova deliberação pelo Pleno deste Tribunal — disse Luís Otávio Verissimo em seu despacho.
A denúncia da Procuradoria do STJD cita "a incapacidade do Atlético em manter a ordem e a segurança na praça desportiva", classificando como "lastimáveis" e "gravíssimos" os arremessos de bombas e outros objetos em campo, além da invasão por parte de torcedores no gramado. O clube também será multado, em valores que podem chegar a R$ 100 mil.
Uma das bombas arremessadas em campo atingiu o fotógrafo Nuremberg José Maria, de 67 anos, que precisou ser internado. Ele fraturou três dedos, além de ter rompido tendões e ter sofrido um corte o pé. A Polícia Civil de Minas Gerais abriu um inquérito para apurar o crime. Outros dois artefatos foram atirados próximos dos jogadores Gonzalo Plata, autor do gol da vitória, e o goleiro Rossi.
De acordo com a súmula do árbitro Raphael Claus, bombas foram arremessadas em direção ao gramado por quatro vezes: aos 9, aos 49, aos 50 e aos 52 minutos de jogo. Ele também relatou arremessos de copos aos 6, aos 45, aos 51 e aos 82 minutos da partida. Todos vieram da torcida mandante, disse o juiz. O juiz ainda registrou duas ocorrências de lasers que tentavam prejudicar a visão de Rossi, goleiro do Flamengo. Além disso, houve paralisação de sete minutos após o gol do Flamengo, por causa de objetos jogados nos jogadores. Foi nesse momento em que um torcedor invadiu o gramado.
Com o vice na Copa do Brasil, o Atlético-MG foca na final da Libertadores, dia 30 de novembro, contra o Botafogo. Para não correr o risco de ficar fora da próxima edição do torneio continental em caso de um novo revés, a equipe terá de se reerguer no Brasileirão por uma vaga na competição sul-americana. O time mineiro está na 11ª posição, com 41 pontos, e faz dois jogos atrasados nesta Data Fifa: encara o Flamengo, nesta quarta-feira (13), no Rio; e enfrenta o ameaçado Athletico-PR, em Curitiba, no sábado (16).