A partida com o Uruguai nesta terça-feira (19) em Salvador, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, será um marco importante para o combate ao racismo nos campos nacionais. A CBF implantará o Gesto Antirracismo da Fifa neste duelo e que será utilizado em todas as partidas no País, motivo de comemoração de Vini Jr., que trava luta incansável na Espanha para combater a discriminação racial.
A medida é uma maneira de informar o árbitro que algum jogador está sendo alvo de abuso racista. O jogador vai cruzar os braços na frente do peito para anunciar um ato discriminatório, o que obrigará na paralisação da partida. Caso o ato não cesse, o jogo pode ser suspenso e até abandonado.
— A partida da seleção na Bahia, a cidade mais negra fora da África, marcará o lançamento oficial do protocolo contra atos racistas no futebol brasileiro— revelou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
— Quando entrei para o Conselho da Fifa em março do ano passado, anunciei que a luta contra racistas seria uma das minhas prioridades na organização. De agora em diante, o gesto será adotado em todas as partidas em nosso país. O racismo é um crime que afeta a alma — afirmou o dirigente.
O Gesto Antirracismo deve estar presente em todos os campos do planeta em breve, para alívio de Vinicius Jr.
— Eu sempre acho que qualquer ajuda é muito bem-vinda. As pessoas pretas sofrem há muito tempo, e tem que chegar o momento em que tudo isso tem que acabar. Então a Fifa, que é um nome muito forte junto com a CBF, junto com todos os jogadores, temos essa força para combater. Então, vamos seguir juntos e firmes e fortes para aqui e no futuro bem próximo, as crianças que estão vindo para o nosso futuro tenham uma vida melhor — frisou o brasileiro.
Nesta quarta-feira é comemorado o Dia da Consciência Negra e Vini Jr. Espera que a data possa modificar a maneira de algumas pessoas agir e se comportar perante os demais. Sobretudo, nos casos de discriminação.
— Sobre esse dia, é muito importante por tudo que nós passamos e por tudo também que a CBF tem feito, junto com a Fifa, junto com todos os jogadores, estamos juntos nessa luta. A intenção é que no futuro bem próximo cada vez mais a gente possa ter menos casos de racismo — disse o atacante do Real Madrid.
Na Espanha, as queixas de Vini começaram a surtir efeito, com prisões e banimento de racistas dos estádios.
— Nos últimos três meses, nós conseguimos colocar três ou quatro pessoas na cadeia já e fazer elas pagarem pelo crime que cometeram. Eu sei da minha importância, mas eu sempre falo que é uma luta de todos, porque eu, sozinho, não tenho como combater tudo isso que todos os negros vêm sofrendo— advertiu.
Apesar de estar "cansado" com a dura e desgastante briga no combate ao racismo, o atacante garante que jamais desistirá.
— Sei do meu tamanho, sei da força que eu tenho, da minha fala, e posso falar por todas aquelas pessoas que não têm força, ou que têm medo, ou que passam por muitas coisas e nem sempre as pessoas acreditam na fala daquelas pessoas. Então, eu fico muito feliz de poder ajudar e seguir firme e forte na luta junto com todos os jogadores e todas as pessoas que puderam nos ajudar.