Insultado por torcedores presentes na Vila Belmiro na derrota santista por 2 a 0 para o CRB, neste domingo (17), e vaiado até quando recebeu sua medalha de campeão brasileiro da Série B, o técnico Fábio Carille minimizou a pressão das arquibancadas por sua saída do clube e afirmou que ainda vai conversar com a diretoria sobre o seu futuro à frente da equipe.
— Não é só vocês (jornalistas) que veem, eu também vejo (a insatisfação da torcida). Vocês não sabem o que é pressão. Pressão maior que teve na derrota do Corinthians para o Tolima (na pré-Libertadores de 2011) e o clube optar pela continuidade do Tite. Temos que fazer não o que é melhor para mim, para os torcedores ou para a diretoria, mas o que é melhor para o Santos — comentou o treinador, criticado principalmente pelo futebol pragmático e pouca criatividade na campanha alvinegra na Série B.
— Estou há 32 anos no campo e já vi de tudo. Hoje vivemos uma experiência de não estar legal fora, em relação a estádio, não ao dia a dia, e o interno funcionar bem.
Carille admitiu que a conquista antecipada do título, com o empate do Novorizontino, no sábado, atrapalhou a concentração dos atletas e foi determinante para a péssima apresentação da equipe diante do CRB, o que ajudou a piorar o clima na Vila Belmiro no que deveria ter sido um jogo festivo de entrega da taça.
— Ontem, estávamos jantando na hora do jogo do Novorizontino. Quando terminou, todos ficaram aliviados, soltos, desconcentrados. Hoje tentei falar sobre isso na preleção, de levantar a taça com vitória, mas o time entrou relaxado contra uma equipe que tinha um objetivo, de escapar do rebaixamento. Fica como aprendizado, mas a baixa concentração tem tudo a ver com o jogo de ontem — afirmou.
O comandante fez um mea-culpa sobre erros e decisões equivocadas na competição, especialmente em relação à motivação dos jogadores, mas afirmou que o saldo na temporada é positivo, com muito aprendizado para jogadores e comissão técnica, além das metas cumpridas.
— Poderia ter sido melhor, mas conquistamos os objetivos. Fomos além e chegamos à final do Paulista, jogando de igual para igual com os demais clubes. Errei bastante e uma coisa que deixei para fazer na fase final foi trabalhar a motivação. Sou como o Muricy (Ramalho), que diz que a motivação está na camisa. Fiz questão de estar mais perto do jogo, mas tenho que trabalhar mais a questão da motivação — destacou Carille, que vê o elenco atual pronto para a Série A.
Ainda sem saber se seguirá ou não, o treinador avaliou o grupo projetando a Série A de 2025.
— Esse time está mais preparado para jogos grandes do que para jogar a Série B. Vai se concentrar mais para grandes jogos, são jogadores que já viveram muitas coisas. Quando a equipe oscilou, eles deram a resposta, gostam de desafios, eles têm personalidade. Precisa trazer mais jogadores com esse perfil— elogiou.