A vida de uma medalhista paralímpica é corrida, mas a da maior campeã mulher da história é ainda mais. Maria Carolina Santiago terá menos de 48 horas em solo gaúcho e terá que se esforçar para cumprir todas as agendas necessárias.
Isso depois de conquistar cinco medalhas em Paris (três ouros e duas pratas) e ultrapassar Ádria Santos, do atletismo, como a mulher com mais títulos paralímpicos no paradesporto brasileiro, agora são seis ouros.
A brasileira deixará o Estado na próxima quinta-feira (19), quando retornará para Recife, em Pernambuco, sua cidade natal.
Depois de desembarcar no aeroporto Salgado Filho logo no começo da manhã desta terça-feira (17), a nadadora do Grêmio Náutico União começou sua viagem terrestre para os compromissos que o aguardaram.
— É um momento de férias para descansar. Agora, é reavaliar tudo que foi feito e tudo que a gente quer ainda atingir. Confesso que fui para as Paralimpíadas e não estava pensando nisso (em se tornar a maior medalhista de ouro). Foi um marco muito grande. Vamos avaliar, mas Los Angeles é um grande passo que a gente pretende dar — disse na chegada à Porto Alegre.
Roteiro
A primeira parada foi a poucos metros do aeroporto, ela posou para fotos no Monumento ao Laçador com suas medalhas conquistadas na capital francesa.
Dali, em um carro de bombeiros com os demais atletas paralímpicos e olímpicos do clube gaúcho, Carol Santiago percorreu ruas e avenidas de Porto Alegre até o Paço Municipal. Por lá, em uma cerimônia que não durou mais de 10 minutos, recebeu das mãos de Ricardo Gomes, vice-prefeito, a chave da cidade — repetindo a cena de 2021, após Tóquio, quando também conquistou cinco medalhas nos Jogos Paralímpicos.
No Palácio Piratini, a multimedalhista teve um também breve encontro com o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, que fez as honras na ausência do governador Eduardo Leite, que cumpria agenda em Brasília na terça.
Carol e seus companheiros de clube seguiram para a sede Alto Petrópolis do GNU, onde foram recebidos pelos dirigentes do União em um almoço com patrocinadores e autoridades.
— É um dia de gala por podermos acolher todos os representantes do clube em Paris. Isso é um trabalho de longo curso. Queria agradecer aos patrocinadores que nos ajudam neste projeto. Vocês (atletas) atraem futuras gerações de atletas para o clube — salientou Paulo Bing, presidente do Grêmio Náutico União.
Carol Santiago, 39 anos, nasceu com síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão. Começou a nadar aos quatro anos e competiu em nível nacional e internacional na natação convencional até 2018.
A partir de então, migrou para a natação paralímpica. Encontrou o clube gaúcho no mesmo ano que decidiu voltar ao esporte e foi acolhida pelo Rio Grande do Sul. Desde que veio treinar no GNU, reencontrou sua melhor forma, conquistou títulos e medalhas. Na chegada, agradeceu aos gaúchos.
— Não temos muita noção do que a gente conquista quando estamos lá. Quando a gente volta, temos noção do que foi feito. Eu pensei muito nisso (no Rio Grande do Sul). Nunca vi um povo tão forte. Essa medalha é nossa e tudo que (os gaúchos) me ensinaram, levei (para Paris).
O evento também contou com a presença de Vanderson Chaves, Mônica Santos, Kevin Damasceno, Fábio Damaseceno, todos da esgrima paralímpica; Marian Pistoia e Guilherme Toldo, da esgrima; e Viviane Jungblut, da natação. Todos eles estiveram em Paris na disputa dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.