O futebol americano tem muitas diferenças ao nosso futebol, isso é inegável. Uma das principais distinções é o caminho de um jovem até se tornar jogador profissional na NFL. Nos Estados Unidos, o Ensino Médio e a faculdade são fundamentais para formar atletas de alto nível em diversas modalidades.
Para facilitar o entendimento dessa jornada, vamos utilizae o exemplo do brasileiro Davi Belfort. Ele ainda não está na NFL, mas já começou sua jornada para se tornar o primeiro o quarterback do Brasil na principal liga de futebol americano do mundo.
Filho do lutador de MMA Vitor Belfort e da empresária Joana Prado, Davi nasceu em São Paulo em fevereiro de 2005. Logo cedo foi morar nos EUA com os pais e lá desenvolveu apreço pelo futebol americano, assim como muitas crianças que nascem lá.
A importância do Ensino Médio
Além dos estudos, o High School — como é chamado o Ensino Médio nos EUA — é o primeiro passo para qualquer jovem que sonha em se tornar profissional em alguma modalidade esportiva. Davi começou a jogar em 2021 no programa de futebol americano da West Palm Beach Cardinal Newman.
Inicialmente, o brasileiro só iria entrar em uma faculdade em 2025, mas ele optou por subir um ano em 2022. Mudou de escola e se matriculou na Miami Gulliver Prep. Com bom desempenho, recebeu oferta para atuar no programa da Western High School em seu último ano no Ensino Médio.
Davi se destacou dentro de campo e em 2023 começaram a vir ofertas das faculdades.
Ranqueamento e escolha da faculdade
Nos EUA, os jovens atletas no Ensino Médio são ranqueados por sites e analistas especializados nas modalidades. Cada jogador recebe de uma a cinco estrelas, quanto mais ele recebe, melhor avaliado é o prospecto. Dessa forma, os principais programas universitários visam atletas de quatro ou cinco estrelas.
Pelo desempenho de Davi durante o Ensino Médio, ele foi classificado como um atleta de quatro estrelas. Com isso, o brasileiro recebeu 24 ofertas de bolsas de estudos de universidades que fazem parte do College Football (futebol americano universitário). Com essas propostas na mesa, o jogador precisa definir onde vai querer jogar, a partir de vários fatores.
No caso de Davi, que deseja ser um jogador profissional na NFL, ele precisou analisar a força e a tradição da faculdade, as chances de ser titular e a estrutura de treinamento. Em outros casos, há atletas que querem jogar, mas o foco é se desenvolverem academicamente.
O brasileiro chegou a receber oferta de Alabama — um dos principais programas do College Football —, porém optou por jogar em Virginia Tech. Nessa universidade ele terá mais chances de jogar e mostrar que merece ser recrutado para a NFL futuramente.
Como funciona o tempo na faculdade
Diferente das faculdades no Brasil, onde escolhemos um curso para estudar, nos EUA os estudantes se dedicam a algumas matérias em especial, para desenvolver atributos específicos. No caso de atletas, além das aulas, eles precisam se dedicar aos treinos também.
Um jogador pode ficar até cinco anos na faculdade. No terceiro ano, ele já pode se candidatar para fazer parte do draft da NFL — evento no qual as franquias escolhem novos jogadores vindos do College Football.
No primeiro ano, os atletas são conhecidos como freshman. Em muitos casos, esses novatos não recebem muitas oportunidades de jogo, focando mais no treinamento e no desenvolvimento de habilidades. Davi Belfort não deverá atuar por Virginia Tech em 2024, focando sua preparação para os próximo anos.
No segundo ano, o jogador se torna um sophomore e começa a ganhar mais tempo de jogo. No terceiro ano, o atleta se torna junior e na maioria dos casos titular da equipe. Por fim, caso o jogador decida fazer mais um ano na faculdade antes de se candidatar ao draft, ele atua como senior.
Após esse último ano, ele tem a opção de se candidatar ao recrutamento da NFL. Para isso, o seu rendimento durante o College Football é levado em conta e projeções são feitas de qual round (são sete) ele deverá ser selecionado. Caso um atleta não seja cotado para nenhuma rodada, ele pode entrar na liga de outras formas menos tradicionais e mais difíceis. Tanto os atletas que desejam ser profissionais, quanto os que não desejam, são graduados ao final do período universitário.
Foi dito anteriormente que um jogador pode ficar até cinco anos na faculdade. Isso acontece quando ele recebe uma redshirt. Essa é uma ação que os programas universitários podem realizar para os atletas não perderem um ano. No exemplo de Davi, caso ele não entre em campo em 2024, o brasileiro pode receber a redshirt para se manter como freshman em 2025.
Além disso, os jogadores podem ser transferidos para outras faculdades. Caso o atleta não esteja satisfeito com seu programa, ele pode solicitar transferência e outras universidades podem oferecer bolsas de estudo para eles.
Entendendo esse processo, a chance de Davi Belfort chegar na NFL existe, mas isso só deve acontecer em 2028 ou 2029. O brasileiro precisa se destacar dentro de campo, tirar boas notas e chamar a atenção das franquias da NFL nos próximos anos.