Histórico técnico e comandante do primeiro título de Copa do Mundo da Argentina, César Luis Menotti morreu neste domingo (5), aos 85 anos. A informação foi divulgada pela Associação do Futebol (AFA). O ex-treinador estava internado em um hospital de Buenos Aires após sofrer uma "anemia severa".
Menotti ainda exercia o cargo de diretor de seleções da AFA, sendo responsável não apenas pela gerência da equipe comandada por Lionel Scaloni, campeã do mundo em 2022, como também pelas equipes de base da Albiceleste.
Nascido em Rosário, na província de Santa Fe, Menotti foi centroavante em sua carreira de jogador, que começou no Rosario Central e teve passagens pelo Racing e pelo Boca Juniors, antes de chegar ao futebol brasileiro. Nos 1960, o argentino jogou com Pelé no Santos e encerrou sua carreira na tradicional Juventus da Moocca, da capital paulista.
Ele iniciou a carreira de treinador no Newell's, mas seu primeiro grande momento veio no Huracán, em 1973, quando levou o clube ao título argentino.
No ano seguinte, recebeu a missão de comandar a Argentina, que vinha de um insucesso no Mundial da Alemanha, em 1974, e viria a sediar a Copa do Mundo de 1978.
Ex-companheiro de Pelé, Menotti causou polêmica ao não convocador Diego Maradona, à época com 17 anos, para o Mundial. Apesar de ter conquistado o título, anos depois ele até admitiu arrependimento por não ter levado o ídolo entre seus 22 convocados. Mesmo assim, sempre foi uma rara voz argentina a defender que o camisa 10 da Seleção Brasileira foi o melhor jogador de todos os tempos.
— Tive a sorte de conviver com o Pelé durante muito tempo no Santos. Não houve nem haverá jogadores como Pelé. As diferenças dele para o Diego (Maradona) eram físicas, Pelé era um atleta. São jogadores que nascem e não se repetem. Para mim, Pelé era de outro planeta — declarou ao canal TyC Sports em 2022, ano da morte do Rei.
César Luis Menotti se destacou por ser um pensador do futebol e defensor de um estilo de jogo ofensivo. Mais que vencer, ele era uma questionador dos métodos para buscar a vitória e considerava importante aliar plasticidade ao resultado.
Por conta disso, teve uma histórica rivalidade com Carlos Bilardo, técnico do bicampeonato argentino, em 1986, e defensor de que o resultado está acima de qualquer beleza na forma de jogar. A distinção entre “menottistas” e “bilardistas” perdura nas discussões sobre futebol na Argentina há quatro décadas.
Menotti ainda comandou outros grandes clubes como Boca Juniors, River Plate, Independiente, Atlético de Madrid, Peñarol e Barcelona — com o qual também conquistou títulos.