O Brasil superou nesta quarta-feira (22) sua melhor campanha na história do Campeonato Mundial de Atletismo paralímpico. Em Kobe, no Japão, com mais três ouros conquistados no sexto dia de competição, a equipe brasileira atingiu a marca de 17, superando os 16 ganhos na edição disputada em Lyon, na França, em 2013.
No quadro geral, a delegação brasileira soma 17 ouros, oito pratas e cinco bronzes, num total de 30 pódios e permanece em segundo lugar. A primeira posição é da China, que tem 48 medalhas, sendo 18 de ouro, 16 de prata e 14 de bronze.
O primeiro ouro brasileiro desta quarta veio com Fernanda Yara na final dos 400m T47 (para amputados de braço). Em uma prova de recuperação, a paraense venceu com 57seg35 e sagrou-se bicampeã, repetindo a conquista de 2023 em Paris. Após ficar para trás na largada, ela conseguiu nos 250 metros finais ultrapassar a húngara Petra Luteran, que fez 58seg35 e ficou com bronze, e a venezuelana Lisbeli Andrade, que marcou 58seg09 e levou a prata. A potiguar Maria Clara Augusto terminou na quinta colocação, com 59seg20.
— A vitória é de todo mundo que está envolvido comigo, seja treinadores, patrocinadores e família. Os 400m não é uma prova fácil. A gente treinou bastante. O tempo não era o esperado, mas o treino continua. Agora quero ser campeã paralímpica — disse Fernanda, que tem má-formação congênita no braço esquerdo, abaixo do cotovelo.
Já o maranhense Bartolomeu Chaves garantiu o segundo ouro, na disputa dos 400m T37 (paralisados cerebrais). Bronze no último Mundial, ele venceu com o tempo de 50seg74, superando o russo Andrei Vdovin, que foi prata com 50seg84. O tunísio Amen Tissaoui completou o pódio, ao finalizar em 51seg32.
— Sensação muito boa. Senti muito cansaço, mas como é medalha de ouro, todo esforço é bem-vindo. É uma prova muito difícil, tem que sair [da largada] muito forte e, nos 200 metros finais, aumentar o ritmo ainda mais. Mas deu tudo certo — avaliou o campeão.
Wanna Brito foi a responsável por garantir o terceiro ouro brasileiro do dia e estabelecer o recorde de vitórias do País em uma mesma edição do Mundial. Após se consagrar campeã do lançamento de club F32, a amapaense confirmou o favoritismo e venceu o arremesso de peso F32 (paralisados cerebrais).
Com a marca de 7m74cm, ela ficou a 11 centímetros de seu próprio recorde mundial. A prata foi ganha pela russa Evgenia Galatnikova com 6m97cm. A tunisiana Maroua Ibrahmi garantiu o bronze com 5m93cm. Outra brasileira na prova, a paulista Giovanna Boscolo atingiu 5m44cm e terminou na quinta colocação.
— Dever cumprido. Mas quero muito mais. Quero muito esse pódio nos Jogos de Paris, por isso, vou trabalhar muito para que isso aconteça. A primeira medalha eu ganhei para minha mãe, agora essa vai para o meu pai. O trabalho psicológico que fiz me ajudou muito, tem sido essencial tanto quanto a musculação ou a técnica. Tenho trabalhado muito isso — afirmou Wanna, que teve diagnosticada paralisia cerebral no momento do parto.
Além dos dois ouros, o Brasil ainda faturou mais duas pratas nesta quarta. Ariosvaldo Fernandes terminou em segundo nos 100m T53 (que competem em cadeira de rodas). O paraibano fez o tempo de 15seg05 e ficou a 0seg18 do saudita Adbulrahman Alqurashi, que levou o título. O bronze foi para o tunisiano Mohamed Khelifi, que terminou em 15seg23.
O quinto pódio brasileiro em Kobe veio com a piauiense Antônia Keyla, segunda colocada nos 1.500m T20 (deficiência intelectual). Ela completou a prova em 4min31egs81 e ficou atrás da polonesa Barbara Bieganowska, ouro com 4min27seg36, que é um novo recorde da competição. A húngara Ilona Biacsi fez 4min42seg51 e ficou com a medalha de bronze.