A brasileira Beatriz Ferreira conquistou o título mundial dos pesos leves (até 61,235 quilos), versão Federação Internacional de Boxe (FIB), neste sábado (27), em Liverpool, na Inglaterra, onde derrotou o argentina Yanina Del Carmen Lescano, por nocaute técnico, no sexto round.
O combate foi paralisado quando restavam 49 segundos do sexto round porque a argentina sofreu um corte muito profundo no supercílio esquerdo, fruto de golpes e de uma cabeçada não intencional da brasileira no quinto assalto. Dois jurados apontaram 59 a 55 e um anotou 58 a 55, todos para a brasileira.
—Não foi a luta que planejamos, mas estou muito feliz pelo título. Agora é ganhar a medalha de ouro olímpica e depois somar mais títulos no profissional— disse Beatriz, em entrevista logo após o combate, ao lado do ringue.
Com o título mundial, a baiana soma cinco lutas e cinco vitórias como profissional e pode se tornar a primeira campeã mundial profissional e olímpica da modalidade em um mesmo ano.
—Da próxima vez estarei mais confortável e prometo uma luta melhor na próxima disputa de título. Esta foi uma vitória para o boxe feminino do Brasil. O meu primeiro título de muitos— completou a brasileira, ao lado do empresário Eddie Hearn, que cuida de sua carreira profissional.
— Beatriz é uma das lutadoras que mais chamam a atenção do público na atualidade. Nossa intenção é colocá-la para lutar por outros títulos, após a Olimpíada— afirmou o inglês.
Bicampeã mundial amadora e medalhista de prata na Olimpíada de Tóquio, em 2021, Bia entra para o restrito grupo de campeões mundiais brasileiros, que conta com: Eder Jofre, Miguel de Oliveira, Acelino Popó Freitas, Valdemir 'Sertão' Pereira, Rose Volante e Patrick Teixeira.
Desde 2016, os boxeadores podem ter carreira 'híbrida' ou seja: serem profissionais e lutarem nos Jogos Olímpicos. Bia foi a primeira atleta da nobre arte a ter esta atitude. No boxe olímpico, ela soma 101 vitórias (17 nocautes) e apenas nove derrotas.
Como foi a luta do título mundial
O primeiro round foi muito intenso, equilibrado e nervoso. Bia teve problemas com o bom jab da argentina e sofreu para encurtar a distância. No segundo round, a brasileira acertou boa sequência, que chegou a desequilibrar a adversária.
O terceiro assalto foi da argentina, o que fez a baiana ter sua atenção chamada pelo técnico Mateus Alves, que também é responsável pela seleção brasileira olímpica.
—Você está desatenta na defesa. Cadê a gana— advertiu o técnico no córner durante o intervalo. Bia voltou melhor para o quarto round. Colocou bons diretos de direita e uma esquerda forte na linha de cintura, acusada claramente por Lescano.
Bia continuou pressionando no quinto assalto e em uma de suas investidas acertou uma cabeçada sem querer na argentina, que sofreu um grande corte no supercílio esquerdo. O médico foi chamado e permitiu que a luta continuasse, mas como a brasileira continuou a acertar golpes o juiz Howard Foster resolveu paralisar a luta. Os jurados foram unânimes em apontar a brasileira como vencedora do duelo.