Considerado por muitos como o maior boxeador brasileiro da história, Acelino de Freitas, conhecido popularmente como "Popó", começou a se projetar na nobre arte em 14 de julho de 1995, ainda em Salvador, sua terra natal. Naquela que foi sua estreia profissional, precisou apenas de 34 segundos para nocautear José Adriano Soares.
Conquistou em sequência os títulos peso-leve do mundo hispano pela WBC (Conselho Mundial de Boxe), em 1996 e o latino da IBF (Federação Internacional de Boxe), em 1997, ao derrotar o colombiano Arcelio Díaz no primeiro round.
Campeão pela Organização Norte-Americana de Boxe em 1998, defendeu o título no ano seguinte ao superar Juan Angel Macias. O resultado positivo garantiu o recorde de 20 vitórias consecutivas por nocaute a Popó, deixando para trás a lenda norte-americana Mike Tyson, que no início de sua carreira contabilizou 19 nocautes seguidos.
Primeiro título mundial
Com cartel de 20-0, Popó conquistaria o seu primeiro título mundial ainda no ano de 1999. No dia 7 de agosto, o baiano atropelou Anatoly Alexandrov com um nocaute brutal no primeiro minuto de luta para faturar o cinturão super-pena da World Boxing Organization (WBO).
Logo no início da luta, os dois boxeadores procuravam um golpe que poderia acabar a disputa. Melhor para o brasileiro que conseguiu primeiro um cruzado de direita para levar o então campeão à lona. Recuperado, mas ainda abalado pelo soco de Popó, Alexandrov tomou uma nova sequência de golpes até cair desacordado.
Após o título, Popó assinou contrato com a rede de canais de televisão por assinatura Showtime, e passou a ter suas lutas transmitidas para os Estados Unidos.
Defendendo o título
Popó defendeu o cinturão super-pena da WBO em seis ocasiões, contra Anthony Martínez, Barry Jones, Javier Jauregui, Lemuel Nelson, Carlos Alberto Ramon Rios e Orlando Jesus Soto, vencendo todas por nocaute. No período ainda fez três lutas sem título em jogo, contra Cláudio Victor Martinet, Daniel Alicea e contra o ex-campeão mundial Alfred Kotey. Essa última luta contra Kotey terminou por decisão unânime e quebrou o recorde de nocautes de Popó, que até então tinha vencido todas as suas 29 lutas por nocaute.
Luta de unificação
Em 12 de janeiro de 2002, Popó (30-0 na época) desafiou o campeão mundial da WBA e campeão olímpico Joel Casamayor (26-0) para unificar o título dos super-penas.
Na disputa entre os dois campeões invictos, o brasileiro começou tomando a iniciativa e vencendo de forma clara os três primeiros rounds. No decorrer do duelo, o lutador cubano equilibrou as ações e deu para Popó o que seria a luta mais disputada de sua carreira.
Contudo, no terceiro round de luta, um golpe de Popó acertou o ombro direito de Casamayor enquanto esse recuava, e acabou desequilibrando o cubano. O golpe foi contado como knockdown pelo árbitro Joe Cortez, e Casamayor sofreu uma penalização de um ponto por acertar Popó enquanto o juiz os separava de um clinch (lance em que os lutadores de boxe se agarram durante a luta, um prendendo o braço do outro sob o seu próprio braço.).
A contagem dos juízes ao final da luta deu pontuações idênticas de — 114 a 112 — a favor do brasileiro. Popó então conquistava o bicampeonato mundial super-pena pela WBA e pela WBO.
Seguindo a vitória sobre Casamayor, Popó derrotou o invicto e número 1 do ranking da WBO, Daniel Attah, defendendo seu cinturão. A luta teve uma audiência recorde de 91 milhões de telespectadores no Brasil na Rede Globo. Em seguida, superou o mexicano Juan Carlos Ramírez por nocaute, defendendo seus dois cinturões.
Popó x Barrios
Em 9 de agosto de 2003, o brasileiro fez uma das lutas mais notáveis de sua carreira contra o argentino Jorge Rodrigo Barrios. Barrios tinha um cartel de 39 vitórias, uma derrota e um empate e era praticamente invicto já que sua única derrota havia sido por desqualificação.
Popó lutava muito bem até o oitavo round quando foi surpreendido por um golpe do argentino que o derrubou. A partir deste momento, Barrios começou a gostar da luta e foi atrás do nocaute.
No 11º round, um direto de Barrios levou o brasileiro ao knockdown. Para ganhar tempo, Popó cuspiu o protetor bucal. Até o final do round, Barrios tentou de todas as formas nocautear Popó, que se defendia. Mas ao final do round, no soar do gongo, Popó acertou um direto que levou o argentino ao chão.
A luta recomeçou no round 12 com Popó determinado a decidir a luta e derrubando Barrios mais uma vez. O argentino se levantou, mas uma nova combinação do brasileiro fez Barrios cair de novo e o juiz interromper a luta, dando vitória ao brasileiro.
Acelino Popó conseguia, então, o título de supercampeão super-pena da WBO, uma honraria que é concedida para lutadores que defendem seu título 10 vezes.
Popó x Grigorian
Popó (34-0 na época) defendeu seus títulos de super-pena por anos. Em 3 de janeiro de 2004, ele voltou à categoria peso-leve e enfrentou o supercampeão da WBO, o lutador do Uzbequistão Artur Grigorian (36-0 na época). Grigorian era campeão invicto desde 1996 e já havia defendido o título por 16 vezes.
Em uma luta que era esperada para ser acirrada, Popó não sentiu o novo peso e fez uma excelente apresentação, derrubando o adversário no quarto round e mais três vezes durante o duelo. Ele venceu por uma decisão unânime (115-108, 116-107 e 116-107) e se sagrou campeão mundial pela terceira vez, sustentando dois títulos mundiais de super-pena (WBA e WBO) e agora como campeão mundial peso-leve pela WBO.
A primeira derrota
No dia 7 de agosto de 2004, Popó (35-0) sofreu sua primeira derrota. Enquanto defendia seu título peso-pena contra Diego Corrales, ele foi pego por um cruzado americano que o levou ao chão.
No nono round, o brasileiro foi atingido por um contragolpe que o fez cair novamente e cuspir o protetor bucal para ganhar tempo. Por causa disso, o árbitro penalizou Popó em um ponto.
No início do décimo round, Popó sofreu novo knockdown e após se levantar optou por abandonar o combate. Popó perdeu não apenas sua invencibilidade, mas também seu cinturão da categoria peso-leve da WBO.
De forma trágica, Corrales faleceria anos depois em um acidente de moto, nos Estados Unidos.
Popó x Raheem
Em abril de 2006, Popó (37-1 na época) reconquistaria seu título mundial dos pesos leves pela WBO, que estava vago. Seu adversário seria o americano Zahir Raheem (27-1), que havia vencido recentemente o mexicano Erik Morales.
A luta começou com muita movimentação e equilíbrio, com os dois lutadores em excelente forma. Popó e Raheem trocaram jabs e combinações com muito ritmo durante os 12 rounds. Na decisão dividida dos juízes vitória ao brasileiro (115-113 Raheem, 115-113 Freitas, 116-112 Freitas).
Popó conquistou seu quarto campeonato mundial e recuperou seu título de peso-leve da WBO.
Últimos anos
A segunda derrota de Popó foi contra o norte-americano Juan Díaz, três anos depois do revés para Corrales. O rival do brasileiro era significativamente mais forte desde o segundo round, o que levou Popó a abandonar a luta no nono assalto. Após a nova derrota, o brasileiro anunciou sua aposentadoria dos ringues.
Popó se tornou deputado federal pela Bahia depois de se aposentar. Em 2011, tomou a decisão de participar de uma luta de exibição para seu filho mais novo, que nunca o tinha visto competir. No dia 2 de junho de 2012, no Conrad Casino em Punta del Este, Uruguai, o tetracampeão mundial nocauteou Michael Oliveira e anunciou sua segunda aposentadoria.
Em 11 de novembro de 2017, aos 42 anos, Acelino Popó Freitas se despediu do esporte com uma vitória sobre o mexicano Gabriel "El Rey" Martinez, no Pará.
Depois da aposentadoria, o tetracampeão mundial de boxe se apresenta no Fight Music Show. No próximo dia 24 de fevereiro medirá forças contra o ex-BBB Kléber "Bambam" na luta principal do evento.
Popó na nobre arte:
- Títulos: 4
- Total de lutas: 43
- Vitórias: 41
- Vitórias por nocaute: 34
- Derrotas: 2