O Boca Juniors tem um novo presidente. O ex-meia Juan Román Riquleme foi eleito para comandar o clube em eleição realizada neste domingo (17) que bateu recorde de votos. Com 46.402 sócios presentes, o time argentino atingiu a maior marca de votantes em uma eleição de clubes na América do Sul.
O antigo recorde já era do Boca Juniors, que em 2019 teve 38.363 votantes na eleição vencida por Jorge Ameal com Riquelme como vice-presidente.
Após quatro anos como vice eleito e com a missão de comandar o departamento de futebol do Boca, Riquelme dessa vez se lançou como cabeça da chapa que teve Ameal como seu vice. O ex-camisa 10 venceu com larga vantagem, fazendo 64,9% dos votos válidos e terá mandato até o final de 2027.
Influência política na disputa
Andrés Ibarra foi o representante da oposição na eleição presidencial do Boca, mas os holofotes da chapa estavam em seu candidato à vice. Dirigente mais vencedor da história do clube e ex-presidente do país, Mauricio Macri retornou à política eneize como adversário de Riquelme.
Macri presidiu o Boca Juniors de 1995 a 2007, período no qual o clube conquistou quatro Libertadores e duas vezes o Mundial de Clubes. Riquelme foi o principal estrela daquele time vencedor, mas teve uma relação conturbada com o dirigente. Em 2001, popularizou uma comemoração do camisa 10 colocando as mãos nas orelhas após um gol contra o rival River Plate. Publicamente, Riquelme disse que o gesto visava homenagear a filha que gostava do personagem Topo Gigio, mas na verdade se tratava uma provocação a Macri no momento que se discutia a venda do meia para o Barcelona.
A entrada de Macri na eleição representou mais que a disputa entre o maior jogador e o comandante de uma era vencedora no Boca e passou para a visão política do clube para o futuro. Riquelme defendeu a bandeira da identidade, a permanência na Bombonera e a manutenção do clube no formato associativo.
Por outro lado, Mauricio Macri apresentou uma proposta para a construção de um novo estádio com capacidade para 120 mil pessoas fazendo o clube deixar de mandar seus jogos na Bombonera. A oposição também defendia a abertura do Boca para investimentos do exterior em momento que o futebol argentino discute a criação de SAFs. Macri contou com o apoio do presidente argentino Javier Milei, que é sócio do Boca e foi a Bombonera votar na oposição. Milei foi recebido com vaias pelas simpatizantes de Riquelme.
Outros ídolos presidentes
O caso de Riquelme, um ex-jogador assumir a presidência de um clube não é incomum na Argentina. Na década passada, o ex-zagueiro Daniel Passarella presidiu o River Plate. Atualmente, o ex-meia Juan Sebastián Verón exerce o cargo de presidente do Estudiantes de La Plata.
Nas redes sociais, o Boca exaltou o fato de Riquelme ser o presidente eleito com maior número de votos no futebol argentino. No Brasil, o recorde de votos em uma eleição de clube é do Inter, que teve 29.696 votantes na eleição do começo do mês que reelegeu Alessandro Barcellos como presidente.