Amoroso foi artilheiro dos campeonatos Italiano e Alemão. Em terras germânicas, Élber repetiu o feito. Jardel foi cinco vezes artilheiro do Português. Na Espanha, um dos brasileiros que teve a honraria foi Baltazar. Além do faro de gol aguçado típico de um centroavante, eles têm em comum o fato de nunca terem disputado uma Copa do Mundo. O que em décadas passadas abundavam, no momento está em falta. Nesta quinta-feira (16), a Seleção Brasileira enfrenta a Colômbia sem a presença de um camisa 9 de carteirinha.
No jogo das 21h, em Barranquilla, Fernando Diniz testará uma formação móvel no setor ofensivo. O jogador mais centralizado na partida pelas Eliminatórias será Gabriel Martinelli. Um pouco por opção do treinador, outro tanto por falta de uma alternativa confiável à disposição.
Pela primeira vez no ano, Richarlison não foi chamado - ele mesmo admitiu que se fosse Diniz não se convocaria. Gabriel Jesus foi cortado por lesão, mas mesmo que estivesse são, veria a partida começar do banco de reservas. Convocado para os dois últimos Mundiais, o atacante do Arsenal foi às redes somente uma vez nas últimas 28 partidas em que atuou com a amarelinha. Outro relacionado em convocações passadas, Matheus Cunha ainda não comemorou gol pelo Brasil.
Um centroavante de estirpe anda em falta quando a Seleção entra em campo. Até mesmo os bons de bola, como Fred em 2014, decepcionaram. Antes dele, em 2010, o escolhido de Dunga foi Luis Fabiano. Quebrando um pouco uma linhagem que contava com Ronaldo, Romário e Careca.
— A situação não me preocupa por dois motivos. Primeiro, não acho que seja necessário contar com um típico 9 para ser uma seleção vencedora. O Real Madrid, por exemplo, joga com sem centroavante e com dois atacantes da Seleção. O Brasil tem muito centroavante promissor também. Lá para frente, a Seleção pode ter bons centroavantes. São muitos jogadores de altíssima qualidade nessa posição que, hoje, é considerada uma carência da Seleção — argumenta Gian Oddi, comentarista dos canais ESPN.
O tempo verbal pode mudar a partir da noite desta quinta. Sentado no banco de reservas do Estádio Metropolitano, Endrick pode deixar de ser uma esperança para o futuro para se transformar em centroavante do presente. Ao ser selecionado aos 17 anos para esse par de jogos pelas Eliminatórias, o atacante do Palmeiras se tornou o terceiro mais jovem da história a ser convocado para a Seleção, atrás de Edu e Pelé e por dias à frente de Ronaldo Nazário. Com 12 gols no ano, o garoto está vendido para o Real Madrid.
— Ele (Endrick) está sendo muito bem nutrido de informações no Palmeiras com o Abel (Ferreira), mas é baixar um pouco a expectativa. Ele não tem que ser um jogador pressionado. A gente não tem que ficar esperando tudo do Endrick com 17 anos. Eu vejo um potencial gigantesco. Pode no futuro se tornar um daqueles jogadores lendários do futebol brasileiro — sublinhou Diniz, em entrevista coletiva.
Ainda sem ter Endrick como titular, o treinador montará um setor ofensivo com quatro atacantes formado por Raphinha, Rodrygo, Vinicius Junior e Gabriel Martinelli.
Sem ser 9 de ofício, Martinelli é o mais pressionado do quarteto. Além de Endrick, outros jovens ganham espaço com Diniz. João Pedro, do Brighton, também é opção para enfrentar os colombianos. Marcos Leonardo, do Santos, está no radar e não deve demorar para ser chamado. Ainda há Vitor Roque, lesionado. Também existem nomes mais experientes que podem retornar ou ganhar a primeira oportunidade, como Pedro, do Flamengo, Evanilson, do Porto, e Tiquinho Soares, do Botafogo.
Enquanto Diniz procura um centroavante, Néstor Lorenzo busca um substituto para Arias. O jogador do Fluminense será desfalque. Sem tantas opções quanto o treinador do Brasil, o técnico da Colômbia estuda modificar o esquema do seu time, adotando um sistema com três zagueiros. Cada um com seus problemas.