Após a sequência de trabalhos no futebol brasileiro, comandando equipes como Athletico-PR, Corinthians, Grêmio e Ceará, o técnico gaúcho Tiago Nunes vive um novo momento na carreira, em sua primeira experiência no Exterior, dirigindo o Sporting Cristal, do Peru.
E a temporada tem sido ótima. O clube é líder do Campeonato Peruano, com 25 pontos, mesma pontuação do Universitário, que tem um jogo a mais. No primeiro semestre, o Sporting Cristal fez boa campanha na Libertadores, em um grupo difícil, que tinha Fluminense, River Plate e The Strongest. Chegou vivo na última rodada e ficou apenas dois pontos atrás de River e Fluminense.
Aos 43 anos, Tiago já viveu bastante coisa na carreira, com títulos da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, pelo Athletico-PR, e momento de dificuldades no Corinthians e no Grêmio. Agora volta a viver uma boa fase, desta vez trabalhando no Peru. Em Lima, após o empate contra o Sport Boys Callao, o técnico falou sobre a experiência no Exterior e projetou o que pode acontecer em Peru x Brasil, nesta terça-feira (12), pelas Eliminatórias da Copa.
Como está sendo a experiência de trabalhar pela primeira vez no Peru, com a possibilidade do título nacional pelo Sporting Cristal?
Está sendo uma experiência muito rica em todos os aspectos. Tanto na parte profissional, como no lado pessoal, com um ganho cultural enorme. Não só pelo conhecimento de outro país, da cultura, mas também pelo aperfeiçoamento do idioma.
Sobre as características do futebol, é um pouco diferente, com a oportunidade de enfrentar técnicos que pensam de maneira diferente. Tem muitos técnicos argentinos e uruguaios no Peru, e eu sou o único brasileiro. Tem sido um desafio, uma experiência importante, treinando um dos grandes clubes do país e brigando pelo título. Além disso, está me abrindo outras oportunidades, com consolidação no mercado sul-americano, que é um dos objetivos para o futuro.
E que avaliação dá para fazer da campanha na Libertadores?
Nosso grupo da Libertadores era muito duro, não só pela presença do River Plate e do Fluminense, mas também por enfrentar o The Strongest em La Paz. E os bolivianos venceram o River e o Fluminense. Nós somamos seis pontos contra o The Strongest. Ganhamos em La Paz e aqui em Lima.
Disputamos até o último minuto a vaga. Nos colocou em um patamar de reconhecimento não só em nível nacional, mas também de respeito em nível internacional. Foi uma campanha digna. Resgatamos o respeito pelo futebol peruano, utilizando uma base de jogadores jovens, formados pelo clube, com o acréscimo de alguns atletas estrangeiros experientes.
Como está o nível do futebol peruano e o que esperar da seleção contra o Brasil na terça-feira?
O futebol peruano está em desenvolvimento, tem algumas dificuldades estruturais ainda. Pela diferença de tamanho com o Brasil, é difícil ter o mesmo número de formação de atletas que tem no Brasil. O torneio tem menos equipes de ponta, mas está melhorando. Estamos abrindo portas para outros técnicos e jogadores.
Sobre o jogo das Eliminatórias, obviamente a Seleção Brasileira é favorita, por tudo que representa e pela qualidade individual que tem. Mas o Peru tem jogadores que já atuaram na Europa e em clubes grandes da América do Sul. Tem uma base que levou a seleção ao Mundial de 2018. Será um jogo duro.